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Nível do Rio Paraguai despenca, mas embarques de soja continuam

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Com chuvas irregulares ao longo de outubro, nível caiu 1,63 metro em 30 dias em Porto Murtinho. Em 2022, neste mesmo período, recuou apenas dois centímetros

Apesar da rápida queda do nível do Rio Paraguai em Porto Murtinho, de 1,63 metro somente entre os dias 1º e 30 de outubro, os embarques de soja no porto da cidade vão continuar ao longo de novembro, mas em redução de cerca de 70% na quantidade por barcaça.

De acordo com Genivaldo dos Santos, gerente de operações portuárias da FV Cereais, a previsão é de que saim  mais três ou quatro comboios, levando em torno de 100 mil toneladas rumo à Argentina ao longo de novembro. Depois disso, explica ele, os embarques devem acabar de vez, pois o nível do rio estará muito baixo. 

Nesta segunda-feira (30), conforme medição diária feita pela Marinha do Brasil, o rio estava em 2,34 centímetros na régua de Porto Murtinho, ante 3,97 metros no dia primeiro do mês. E esta queda brusca, segundo Genivaldo, é resultado do atraso na chegada das chuvas. 

Em outubro do ano passado, por exemplo, o rio começou o mês com 2,02 metros e terminou com apenas dois centímetros a menos, pois vários de seus afluentes já estavam drenando água para o principal rio pantaneiro nesta época do ano. 

Mas, apesar de os embarques de soja continuarem pelas próximas semanas, o volume por barcaça será cerca de 70% menor. Quando o rio está cheio, as barcaças saem com calado de dez pés. Agora, sairão com 6,8 pés, conforme Genivaldo dos Santos. 

Ou seja, com carga máxima, a barcaça navegava com 3,05 metros abaixo do nível da água. Agora, para por causa do risco de atingir pedras ou bancos de areia no fundo do leito, elas saem com 2,07 metros sbmersos, ou quase um metro a menos. 

Apesar dessa redução, o simples fato de ainda estarem ocorrendo embarques nessa época do ano já é motivo de comemoração, segundo Genivaldo dos Santos. Em 2021, lembra, o rio estava bem mais seco e o transporte teve de ser interrompido já no início de agosto. No ano passado, tudo parou no começo de setembro. 

Contudo, o fato de praticamente não ter chovido em outubro preocupa, pois existe o temor de que o nível não esteja em condições adequadas a partir de fevereiro do próximo anos, mês em que devem ser retomados os embarques de grãos para a Argentina, já que a FV Cereais, empresa que administra do terminal de Porto Murtinho, espera repetir o desempenho deste ano. 

Em 2022, os primeiros embarques ocorreram em meados de fevereiro e desde então foram despachadas 1,597 milhão de toneladas, o que representa aumento superior a 430% na comparação com o volume embarcado no ano passado, quase 300 mil toneladas.

Com 10% de toda a produção estadual saindo pela hidrovia, este foi o recorde histórico de embarques pelo terminal de Porto Murtinho. No começo do ano, em uma previsão otimista, a própria administração do porto estimava embarcar até um milhão de toneladas. Para que esse soja toda chegasse ao porto, em torno de 40 mil carretas tiveram de ir a Porto Murtinho ao longo do ano.

MINÉRIOS 

Mas, se por um lado o transporte de soja pelo hidrovia redirecionou o fluxo de milhares de caminhões, a queda do nível do rio a partir de agora deve trazer sobrecarga nas estradas pelos próximos meses por causa do transporte de minério de ferro. 

Na régua de Ladário, o nível do rio estava em apenas 1,11 metro nesta segunda-feira.  No começo do mês estava em 2,76 metros, o que significa queda de 1,65 metro em 30 dias, ou redução de 5,5 centímetros por dia. E, a partir do momento em que o nível fica abaixo de 1,5 metro, marca atingida no dia 22, o transporte já fica prejudicado.  

Entre fevereiro e agosto deste ano foram embarcados 4,4 milhões de toneladas de minérios a partir dos portos de Ladário e Corumbá, representando aumento de 32,5% na comparação com igual período de 2022. 

E, por causa do baixo nível do rio, a partir de novembro o transporte de minérios pela hidrovia deve ser suspenso por completo e boa parte deste material deve ser trasportada por carretas pela BR-262.  Mesmo com a hidrovia  a pleno vapor, cerca de 800 caminhões já percorrem a rodovia diariamente para escoar a produção das mineradores da região pantaneira. 

Via Correio do Estado MS

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