Em carta ao povo brasileiro, CNBB defende harmonia entre os poderes e preservação ao meio ambiente

Em mensagem ao povo brasileiro, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) manifestou preocupação de que o extremismo político faça das eleições municipais deste ano “palco de intolerância”.Playvolume

No documento, elaborado em assembleia geral, a cúpula da Igreja Católica ressalta que, passado “período de sistemáticos e ostensivos ataques”, é o momento da democracia ser fortalecida.

“Preocupa-nos que extremismos, desprezando o projeto de fraternidade social, façam do processo eleitoral um palco de intolerância e de ainda mais violência”, destaca a CNBB.

A entidade religiosa defende o “voto consciente e livre” e ressalta que, passados 60 anos do golpe militar de 1964, “a democracia ainda precisa de cuidado”. “O passado recente nos ensina que a busca de soluções para o Brasil passa necessariamente pelo diálogo e pelo entendimento”.

Os bispos brasileiros defendem ainda o combate à desinformação e ressaltam que a liberdade de expressão “não pode estar a serviço da divisão social”.

“Como disse o papa Francisco, a inteligência artificial corre o risco de ser rica em técnica e pobre em humanidade”, destacou. “A própria democracia é enfraquecida pelo ódio, o fundamentalismo e o populismo”, acrescentou.

O documento defende ainda a independência e harmonia dos Poderes da República e crítica “a corrupção, o nepotismo e o tráfico de influência” que, para a entidade católica, “violentam o país”.

“Nós acompanhamos com dor o crescimento do crime, das milícias, do narcotráfico, da violência nas cidades e no campo, do bullying, do vandalismo, do racismo, do feminicídio, do tráfico humano e da exploração sexual de crianças, adolescentes e vulneráveis”, observou.

A cúpula da Igreja Católica também lembrou que, em 2023, os gastos militares no mundo foram os mais altos desde a Segunda Guerra Mundial e desejou paz “para os inúmeros países em guerra”.

A mensagem destaca ainda a necessidade de proteção do meio ambiente, defende políticas públicas em defesa dos povos indígenas e crítica o marco temporal.

“Os povos indígenas brasileiros, prejudicados por séculos, enfrentam um dos maiores ataques de sua história, por meio do marco temporal, que já foi declarado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como inconstitucional”, ressaltou.

Via CNN Brasil