Voz do MS

Capital

Vulneráveis, comércios perto do Hospital Universitário são alvos de roubos em série

Redação

[Via Correio do Estado]

A ação desenfreada de assaltantes preocupa comerciantes instalados na Avenida Senador Filinto Muller, aos fundos do Hospital Universitário de Campo Grande. Os criminosos têm agido preferencialmente à noite, incentivados pela iluminação precária e pela falta de policiamento, embora o local esteja a cerca de dois quilômetros de uma Delegacia da Polícia Civil e de uma unidade da Polícia Militar.

Uma lanchonete inaugurada há dois anos já foi assaltada cinco vezes, quatro delas só em 2018. O caso mais recente ocorreu no último dia 6, quando um dos criminosos chegou ao local, com uniforme de uma empresa de limpeza de ruas e recolha de lixo, por volta das 22 horas, renderam a funcionária e fugiram levando dinheiro (vídeo). Pela forma de agir, a suspeita é de que eles tenham sido os mesmo que roubaram o local em outras ocasiões, tendo em vista que conheciam a rotina.  "Já veio gritando e pedindo o dinheiro", disse a atendente Milena Garcia, de 19 anos.

A vítima disse que estava abaixada próximo ao caixa e, quando se levantou, já se deparou com um ladrão anunciando o roubo, enquanto outro vasculhava outra parte da loja. Toda a ação foi registrada por câmera de segurança. "Nessa hora, a gente não consegue nem pensar no que fazer, é muito rápido", relatou a trabalhadora.

Na noite de terça-feira (13) criminosos também usando uniforme de gari assaltaram e agrediram uma comerciante de 49 anos no Jardim Imá.

Uma outra trabalhadora que cumpria expediente durante três dos cincos roubos não suportou a tensão imposta pela violência e deixou o trabalho. Darilson Melo, de 36 anos, gerente da lanchonete, disse que as ações preocupam e, sem apoio da polícia, busca soluções com outros comerciantes. "A gente quer contratar uma empresa de segurança privada e dividir o custo", explicou o administrador.

Hosana Costa, de 38 anos, tem uma farmácia ao lado da lanchonete. Ela conta que o marido era dono de uma sorveteria no mesmo endereço, que decidiu se mudar depois de ter o estabelecimento invadido e depois roubado. "O alguel aqui já é caro e era período de frio, em que uma sorveteria não tem tanto movimento. Os ladrões chegaram aqui e levaram o dinheiro do aluguel. Ele teve dificuldades e acabou mudando de endereço".

A farmacêutica e empresária disse ainda que, na ocasião, ela também poderia ter sido roubada. "Naquele dia, eu havia saído um pouco antes do meu horário e fechado a loja. Quando virei a esquina indo embora para a casa, meu marido ligou falando que tinha sido roubado. Se eu estivesse aqui, certamente também teria sido".

Ela acredita que a iluminação precária e a falta de movimento no comércio contribuem para a ação dos criminosos. "Eles sabem que não tem muita gente vendo e roubam. Quando tinha bastante comércio aberto até mais tarde, quase não tinha roubo. Porque o movimento de pessoas era grande e tinha gente passando toda hora. Mas agora é diferente".

A empresária afirma  que a contratação de segurança privada seja uma boa ideia para os empresários, mas não para a população em geral, uma vez que os assaltos a pontos de ônibus nas proximidades são frequentes. "Seria bom para nós, mas não para o bairro. Acredito que deveria haver melhor iluminação pública e mais policiamento", pontuou. A equipe de reportagem tentou entrar em contato com o comando da Polícia Militar, mas não obteve resposta até o fechamento da edição.

Ao Correio do Estado, o Chefe de Operações do Comando de Policiamento Metropolitano de Campo Grande, Francisco Rogeliano, disse que o problema não está na logística, mas na falta de efetivo. No entanto, ele espera que esse problema seja solucionado até o final deste ano, até mesmo pela chegada dos aprovados em concurso público. “Estamos trabalhando com três viaturas na região da Avenida Ernesto Geisel,  Coophavilla e Anel Viário, mas não é o suficiente, é pouca viatura para uma área gigantesca e estamos com o efetivo baixo e policiais administrativos estão nas ruas para dar uma força”, disse.

NÚMEROS

Só em Campo Grande, foram registrados 5.132 roubos gerais neste ano, o que leva a uma média de 16,1 casos por dia. Apesar deste cenário, o Governo do Estado digulvou ontem que, no período de janeiro a outubro de 2018, o número de crimes caiu 9,16% em Mato Grosso do Sul em relação a igual período do ano passado.

Foram 6.174 crimes a menos, passando de 67.385 nos primeiros 10 meses de 2017 para 61.211 neste ano, de acordo com o relatório da Superintendência de Inteligência em Segurança Pública (Sisp), da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança (Sejusp).

Dos 12 tipos de crimes, 11 tiveram redução. As quedas mais acentuadas foram de roubos a estabelecimentos comerciais (diminuição de 26,77%), em residências (- 22,51%) e veículos (- 18%). Os furtos e homicídios também diminuíram drasticamente. Furtos nas casas diminuíram 16,72%, respectivamente. Homicídios dolosos tiveram redução de 12,76%, os homicídios culposos no trânsito recuaram 10,37% e os roubos seguidos de morte tiveram queda de 5%.

Comentários

Últimas notícias