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Justiça

“Você quer morrer deitada ou vai levantar?”, diz mãe de santo sobre ameaças

Redação

[Via Correio do Estado]

A mãe de santo Ana Maria Calixto, de 59 anos, é julgada na manhã desta quinta-feira pela morte do ajudante de tornearia Hélio Teixeira da Costa, de 29 anos, assassinado a facadas no dia 29 de janeiro de 2017. Conforme denúncia do Ministério Público Estadual, Mãe Maria, como é mais conhecida, responde por ter instigado o crime, cometido pelo marido dela e “filhos”, depois que a vítima supostamente tentou matá-la.

Durante depoimento na 1ª Vara do Tribunal do Júri, Maria disse ao juiz Carlos Alberto Garcete e jurados que, na data dos fatos, havia uma Festa de Exú, no terreiro de Umbanda localizado no Jardim Tijuca. O evento era realizado como forma de agradecimento pelas conquistas do ano anterior. A mulher informou que incorporou uma entidade e ficou deitada no local de orações até de madrugada, e em seguida foi para a sala.

Lá, já com a consciência recuperada, deitou para dormir no local que as filhas haviam acabado de limpar. A mulher conta que instantes depois, acordou com Hélio. “Eu senti umas batidas na cabeça e quando olhei, era ela. Ele riu pra mim e eu ri de volta, pois fazia tempo que não o via”, explicou, lembrando que em seguida vieram as ameaças. “Ele disse no meu ouvido que estava ali para me matar, mas eu achei que fosse brincadeira”.

Ela relatou ao juiz que ele reforçou as ameaças, dizendo que havia sido enviado para matá-la. “Você vai querer morrer deitada, ou vai se levantar? Foi isso o que ele me perguntou. Eu vi que estava com uma faca e levantei, indo na direção do fundo. Ele tentou me agarrar, mas me soltei pelo braço”, pontuou. A mulher disse que o filho dela, Lucas Rodrigues de Almeida, surgiu e rendeu Hélio, levando para fora do imóvel.

“Eu disse para eles deixarem ele, porque ele parecia que estava possuído e quando acordasse, poderia dizer quem tinha enviado ele para me matar. Depois entrei no banheiro”. Conforme investigações da Polícia Civil, os homicidas disseram que Hélio estava incorporado por um espírito violento conhecido como Sete Facadas, que queria  a morte de Mãe Maria. Por este motivo, agiram para defendê-la e o mataram a facadas.

No entanto, Maria alega não saber de nada. Ela disse que entrou no banheiro e foi informada pelas filhas que Hélio estava sendo levado de carro pelo grupo para outro lugar. “Eu estava pelada, para tomar banho, e não tive como impedi-los porque já tinha saído e não levaram telefone [...] depois dormi até por volta das 17 horas do outro dia, e só fui saber da morte quando acordei. “Eu não mandei matar ninguém. Tenho vida dedica ao cuidado com as pessoas. Se tivesse que matá-lo, eu mesmo o faria”, pontuou.

O defensor público Rodrigo Antonio Stochiero da Silva disse que, de fato, Maria não instigou o assassinato conforme denunciado pelo Ministério Público. Além disso, explicou que a mulher está sendo julgada separadamente neste momento, porque o processo foi desmembrado depois que os demais réus entraram com recurso contra a sentença da pronúncia. “Ela não teve participação no ato e não incitou a ação. Talvez o fator religioso tenha pesado contra ela, mas ela não deu ordem alguma”.

HOMICÍDIO

Conforme relatado por testemunhas, Gleibson José de Lira, esposo de Maria, José Glebson de Lira, cunhado dela, Lucas Rodrigues de Almeida, filho, e um outro rapaz identificado como Aryslan agrediram Hélio no terreiro até que ele ficasse desacordado. Uma testemunhas disse que, inclusive, Maria teria batido nele também, apesar das negativas da ré. A vítima foi colocada em um carro e levada nas imediações do Jardim Aeroporto, onde foi degolada.

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