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Precisão e força na superação do massagista que se destaca na Capital

Redação

[Via Correio do Estado]

Jorge Diodi Nakashita não está de brincadeira quando afirma que, para aliviar os pontos de tensão do pescoço e das costas, é preciso um pouco de força. Dez minutos de massagem e o brasileiro, que aprendeu a técnica no Japão, mostra que é possível diminuir os níveis de estresse no corpo com terapias alternativas.

"Quer carinho? Vai pedir em casa’. Sempre falo para os meus pacientes – em tom de brincadeira, claro. Para diminuir a dor é preciso massagear, só ficar alisando não vai resolver”, afirma o massagista, de 52 anos.

Bem-humorado, Jorge aprendeu todas as técnicas de massagem, tanto do corpo quanto do pé, enquanto morava no Japão. Começou a trabalhar no país dos seus antepassados quando tinha apenas 21 anos, mas, em razão de uma doença que o deixou cego, precisou trocar a fábrica pela vida dentro dos spas.

“Eu comecei a trabalhar com a massagem aos 35 anos no Japão. Fiz um curso após descobrir que tinha um problema, uma doença rara chamada retinose pigmentar, que causa a cegueira”, explica.

Jorge nasceu em Mato Grosso do Sul, na Nascente do Segredo, mas os pais são da cidade de Yamaguchi Kenm, no Japão direto para a colônia de Várzea Alegre, na região de Terenos.

Da tradição japonesa, Jorge tem o carinho pelo judô, no qual é faixa preta. “Em 1985, fui o primeiro atleta de judô a ser convidado pela federal brasileira para treinar nacionalmente. Eu cheguei a ir para São Paulo, onde vários atletas participaram, mas devido a desorganização da época, eu desisti e voltei para Campo Grande”, relembra.

Na época, Jorge não sentia nenhum sintoma da retinose pigmentar e, sem pensar duas vezes, decidiu fazer o caminho de volta dos pais.

“Em 1989, eu fui para o Japão; tinha 21 anos. Pensei que fosse fazer meu péde-meia e voltar em dois anos. Fiquei 20. No começo, é difícil a fase de adaptação; depois você acostuma. Na época eu ganhava bem, não tinha inflação e violência”, relembra.

No país, conheceu a esposa e começou a perceber os primeiros sintomas da retinose. “Ela achou que a lente que eu usava não estava surtindo efeito e me indicou um médico particular, em um hospital pequeno. Eu fiz o exame completo e na época eu tinha 26 anos. Foi quando ele disse que eu tinha uma doença que não tem cura. Pensei que fosse um tumor, câncer, fiquei assustado, mas então ele me disse sobre a retinose pigmentar. Repeti os exames algumas vezes, tentei uma cirurgia em Cuba, mas nada reverteu o quadro”, conta.

Em 2011, após o terremoto e o tsunami que atingiram o país, Jorge – então com duas filhas –, decidiu reunir a família e voltar para o Brasil. “A natureza expulsou; viemos embora”, frisa.

A MASSAGEM E A PERDA DA VISÃO

Aos 37 anos, Jorge perdeu completamente a visão. “O processo foi gradativo, mas me lembro que tudo piorou durante um período que eu trabalhei muito; mais de 12 horas por dia, sem dormir, com muito cansaço, estresse, desgaste físico. De agosto a dezembro, meu corpo não reagiu. Eu ia trabalhar na marra, mas, com duas filhass, não tinha jeito. No fim do mês, precisava pagar as despesas. Foi quando a doença progrediu muito e eu perdi a visão”, relembra.

Com ou sem visão, Jorge esbanja independência. Em casa e no espaço para massagem, sabe a localização de todos os móveis. Enquanto o paciente relaxa, é possível ouvir o canto dos passarinhos que ele cuida todos os dias pela manhã.

De volta ao Brasil, mais desafios: “Nos dois primeiros anos, foi difícil, mas hoje já tenho minha clientela e até lista de espera”, celebra. Sobre a massagem, ele é categórico: “Eu não uso óleo, a não ser na massagem dos pés. E também não precisa tirar a roupa. Eu faço a massagem nos pontos que são necessários”, ressalta. Mais informações sobre a massagem do Jorge pelo telefone (67) 99109-7555.

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