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A cada quatro horas, uma pessoa é vítima de golpe virtual em MS; saiba como se proteger

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Anuário aponta que casos de estelionato por meio eletrônico mais que dobraram no ano passado

O número de golpes virtuais aumentou 174,8% no ano passado em Mato Grosso do Sul.

Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, divulgado nesta quinta-feira (20), em 2022 foram registrados 2.524 casos de estelionato por meio eletrônico, o que dá, em média, seis vítimas por dia ou uma vítima a cada quatro horas.

No ano anterior, em 2021, foram 910 crimes do tipo. Desta forma, de um ano para outro, houve aumento de 1.614 golpes virtuais. A fraude eletrônica passou a ser tipificada no Código Penal só em 2021.

Considerando o estelionato praticado por outros meios que não o digital, foram registrados 13.332 casos, contra 11.608 do ano anterior, variação de 13,8%.

O crime de estelionato consiste em fraude, enganação ou indução ao erro, vantagem ilícita para próprio benefício ou para terceiros.

Uma oferta de emprego de meio período com a promessa de dinheiro fácil, um desconto numa mercadoria que o comércio jamais aplica. Outras vezes, apelam para o senso de cuidado do internauta, como falsas confirmações de compra que pedem para clicar em um link ou ligar para um falso call-center são exemplos de golpes.

De acordo com especialistas, o aumento de usuários de plataformas digitais, como as de bancos e de aplicativos de mensagem, e a facilidade na prática desses crimes têm impulsionado esses casos nos últimos anos.

A tendência ganhou força na pandemia, quando as pessoas passaram a usar mais os meios eletrônicos, tanto para serviços financeiros, quanto para compras, onde é necessário cadastrar ou informar dados pessoais e bancários.

Segundo a diretora-executiva do Fórum de Segurança Pública, Samira Bueno, estes delitos são mais vantajosos para os criminosos do que os roubos, por exemplo, uma vez que não precisam envolver violência.

Ela afirma também que há uma “profissionalização do estelionato” nos últimos anos, com os criminosos mapeando as vítimas mais vulneráveis, que geralmente são idosos, e aprimorando meios para enganá-las.

“Além disso, é muito difícil para a polícia investigar. Em grande medida, não há nem preparo das forças policiais para lidar, inclusive por conta da velocidade com que esses crimes estão crescendo. Os estelionatos, especialmente aqueles que se dão através de redes sociais, aplicativos e afins, são um dos grandes desafios do mundo, não só do Brasil”, explica.

Reportagem do Correio do Estado publicada em janeiro deste ano apontou a dificuldade da Polícia Civil em concluir as investigações. O então delegado, hoje promotor, Rauali Kind Mascarenhas, disse na época que as próprias vítimas, frequentemente, não registram boletim de ocorrência ou, quando o fazem, tem sensação de impunidade por não ter o dinheiro de volta ou não saber que o autor foi identificado e punido.

Entre os inquéritos abertos há diferentes tipos de estelionato, como golpes de WhatsApp, falso boleto, cartão clonado, entre outros.

Samira Bueno explica que o estelionato, tanto convencional quanto eletrônico, é um dos crimes que mais têm registrado aumento.

“Nunca vi nenhum crime com uma tendência parecida. Quando se olha a curva de crescimento, não há crime que tenhamos monitorado com uma tendência parecida. Realmente é algo que precisamos entender, estudar melhor e preparar melhor as forças policiais e o sistema de Justiça. É um crime que veio para ficar”, analisa.

Em todo o Brasil, em 2022, foram registrados 1.819.409 casos de estelionato, 37,9% a mais que em 2021, quando ocorreram 1.312.964 registros. Com relação aos golpes eletrônicos, foram 200.322 registros em 202 e 120.470 registros em 2021, aumento de 115%.

Como se proteger

Tipificado pelo artigo 171 do Código Penal, o estelionato consiste em “obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”.

Em 2021 foi tipificado o crime de fraude eletrônica, que acrescentou ao artigo 171 o § 2º-A para os casos em que o estelionato, ou o “golpe” for cometido com a utilização de informações virtuais.

Conforme a Polícia Civil, a prevenção é a principal aposta para diminuir o número de casos, evitando que vítimas caiam em golpes, já que o estelionato é um tipo de crime que demanda participação da vítima mediante enganação.

Algumas dicas da Polícia Civil para se proteger de estelionatos virtuais são:

  • Não faça download de softwares e aplicativos de origem desconhecida;
  • Não abra links desconhecidos enviados por e-mail ou aplicativos;
  • Habilite a verificação em duas etapas nos aplicativos e e-mails;
  • Desconfie sempre e cheque a fonte;
  • Não clique em links contidos em SMS, mensagens instantâneas ou em postagens em mídias sociais de pessoas ou organizações desconhecidas, que possuem endereço suspeitos ou estranhos.

Outra medida importante para não cair em golpes é não enviar dinheiro ou valores solicitados por mensagem ou ligação.

Certifique-se de quem se trata a pessoa com quem você está em contato para não cair em um golpe.

Em dezembro do ano passado, o Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (CERT.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) lançou um fascículo da Cartilha de Segurança para Internet , intitulado “Phishing e Outros Golpes”, com mais dicas de prevenção.

Disponível no site da organização, a cartilha orienta a identificação de ações maliciosas, como agir para evitar armadilhas dos fraudadores, aborda os cuidados necessários com operações bancárias e compras online.

A publicação também fornece dicas sobre o que fazer se cair em um golpe. No fim, a orientação principal é desconfiar sempre.

Confira as principais orientações fornecidas pela publicação: 

  • Busque mais informações

Para não cair na lábia de golpistas, é preciso desconfiar, manter a calma e checar se a mensagem que recebeu ou o conteúdo que viu na internet são confiáveis. Procure a informação da fonte, pesquise por relatos de golpes semelhantes e converse com amigos e familiares.

  • Fique atento ao tom da mensagem

Golpistas exploram os sentimentos das pessoas, como medo, obediência, caridade, carência afetiva e ganância, para convencê-las a agirem como eles querem e de forma rápida, sem pensar. Desconfie de mensagens contendo ameaças, oportunidades de ganho fácil, promoções ou descontos muito grandes, pedido de sigilo, apelo emocional, senso de urgência.

  • Questione se o conteúdo faz sentido

Golpistas costumam enviar mensagens em massa com conteúdo genérico esperando que alguém “morda a isca”. Questionar-se sobre o conteúdo, e se faz sentido para você, ajuda a não cair em golpes.

  • Fique atento a golpes do dia a dia

Suspeite de mensagens com temas cotidianos como: recadastramento de token, cancelamento de CPF, débitos pendentes, oferta de emprego, pontos ou bônus a vencer. Não faça o que pede a mensagem e, na dúvida, contate a instituição usando um canal oficial.

  • Confirme a identidade antes de fazer transações financeiras

Desconfie de mensagens pedindo ajuda financeira. Se isso ocorrer, contate a pessoa por outro meio de comunicação e informe o ocorrido ao real dono da conta, amigos e familiares. Outra dica é conferir sempre os dados do recebedor antes de efetivar transações.7

Via Correio do Estado MS

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