Tarifas são usadas como ferramentas de subordinação política, diz Dilma
Presidente do Novo Banco de Desenvolvimento afirmou que o multilateralismo está sob pressão
A presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Dilma Rousseff, disse que tarifas, sanções e restrições financeiras estão sendo usadas como ferramentas de subordinação política, em um contexto em que o multilateralismo está sob pressão.
A declaração foi realizada na abertura da 10ª reunião anual do conselho da instituição, no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (4).
“O multilateralismo está sob pressão. Testemunhamos um recuo na cooperação e o ressurgimento do unilateralismo. Tarifas, sanções e restrições financeiras estão sendo usadas como ferramentas de subordinação política. As cadeias produtivas globais estão sendo reestruturadas, não apenas pela busca de mais eficiência, mas sim por interesses políticos”, disse.
A fala da presidente do Banco dos Brics foi realizada no mesmo dia em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, informou que seu governo começará a enviar cartas para entre 10 e 12 países comunicando as tarifas comerciais que serão impostas a seus produtos no território norte-americano.
Em seu discurso, Dilma Rousseff ressaltou que a próxima década será decisiva para o NDB, para os países do Brics e do sul global. A presidente defendeu a ampliação da atuação da instituição em investimentos de infraestrutura verde, energia limpa, transição energética e tecnologia inteligentes para o clima.
“O Financiamento climático, mais do que uma mera promessa, deve ser um mecanismo concreto em prol da adaptação da transição energética, principalmente nos países mais afetados por eventos climáticos extremos. O NDB precisa estar na vanguarda deste esforço”, afirmou.
A presidente do NDB também falou sobre a necessidade da instituição expandir parcerias com outros bancos nacionais de desenvolvimento, com bancos multilaterais, com setor privado e academia. No discurso, Dilma defendeu tornar as ferramentas financeiras acessíveis aos países membros dos Brics.
“Para enfrentar esses desafios, é preciso inovar. Devemos fortalecer o financiamento em moeda local, explorar swaps bilaterais [acordo para trocar fluxos de caixa baseados em diferentes moedas ou taxas de juros], ajudar os nossos países membros a reduzir a exposição à volatilidade externa e aprofundar os mercados domésticos”, disse.
Via CNN Brasil