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“Sem dengue”, vacinação alcançou 1,7 mil crianças na Capital até agora

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Com pouca chuva, foram apenas 90 casos notificados nas seis primeiras semanas, o que é 84,6% abaixo daquilo que foi registrado em igual período do ano passado

Em oito dias de atendimento, 1.699 crianças de 10 e 11 anos receberam a primeira dose da vacina contra a dengue em Campo Grande, onde a imunização começou no dia 11 de fevereiro. A meta das autoridades de saúde é vacinar 90% das 28 mil crianças nesta faixa etária na cidade. Ou seja, 6,7% da meta foi atingida.

Boa parte das crianças foram atendidas durante o último fim de semana, quando o imunizante foi oferecido em dois shoppings. No sábado foram 176 doses e no domingo, outras 114. Noventa dias depois da primeira dose, as crianças precisam tomar a segunda para que aquiram a imunização, que pode durar até cinco anos. 

Uma das explicações para a procura tímida é a baixa incidência da dengue nas primeiras seis semanas do ano na cidade. Conforme dados do Ministério da Saúde, desde o começo do ano foram notificados apenas 90 casos suspeitos e nenhuma morte está sendo atribuída à doença até agora. 

No ano passado, no mesmo período, a cidade já tinha notificado 666 casos suspeitos da doença. Isso significa retração da ordem de 86,4%. Enquanto isso, no restante do país o número de casos disparou neste ano, que tende a ser o pior do histórico desde que a dengue voltou a ganhar força no país, no final de 1981. 

No primeiro mês e meio, o país já contabilizou 524 mil pessoas doentes — o que equivale a 12 mil infecções a cada dia. No mesmo período do ano passado, como comparação, foram perto de 129 mil notificações. Isso significa que o número de casos até agora é quatro vezes maior que o de 2023, que já havia sido um dos piores anos.

Surtos da doença, entretanto, não são uma novidade no país, que teve a primeira epidemia documentada em 1981-1982 e, desde então, alterna circunstâncias de endemia (com circulação local) e epidemia do vírus. 

Uma das principais explicações para a baixa incidência da doença nas últimas semanas em Campo Grande é a baixa incidência de chuvas, que desde outubro estão abaixo da média histórica para a cidade. 

Em janeiro, por exemplo, foram apenas 93,2 milímetros na estação da Embrapa, na região oeste. A média histórica é da ordem de 229 milímetros. Houve registro de pancadas em 14 dias do mês, mas a maior chuva foi de 19 milímetros, o que é insuficiente para que a água fique acumulada. 

No mês anterior a situação não foi muito diferente. Na região do Bairro Santa Luzia, por exemplo, foram 140 milímetros, o que equivale a um pouco mais da metade do esperado. A cidade ficou 14 dias sem chuva nenhuma e a  maior pancada foi de 34 milímetros, o que é considerado pouco, levando em consideração que o solo estava seco e absorveu a água quase que imediatamente. 

Outra possível explicação para a redução de casos na Capital é a soltura dos chamados wolbitos, que são os mosquitos contaminados com a bactéria wolbachia, que impede que as fêmeas transmitam a dengue e outras doenças aos humanos. 

Em andamento desde 2020, o projeto já espalhou 102 milhões de mosquitos pelas sete regiões da Capital até dezembro de 2023, mas até agora não existe uma pesquisa que comprove a eficácia do método. 

De acordo com o World Mosquito Program (WMP), responsável por implementar o método Wolbachia em Campo Grande, em outras cidades a prevalência da bactéria na população de mosquitos aumentou constantemente, e, em algumas áreas, a presença do inseto que impede a fecundação dos ovos do mosquito da dengue variou entre 70% e 100%.
 
Via Correio do Estado MS

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