Motociclistas representam 40% das mortes no trânsito brasileiro, aponta levantamento
Apesar da redução parcial em relação ao período anterior, os motociclistas continuam representando cerca de 40% das mortes no trânsito, de acordo com o DataSUS
O Brasil encerrou 2024 com o maior número de mortes em acidentes de moto desde 2020: foram 2.024 vítimas fatais, segundo dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran). Neste ano, até setembro de 2025, já foram contabilizados 1.286 óbitos. Apesar da redução parcial em relação ao período anterior, os motociclistas continuam representando cerca de 40% das mortes no trânsito, de acordo com o DataSUS.
Entre 2020 e 2025, o número de vítimas variou, mas permaneceu em patamares elevados. Especialistas avaliam que, mesmo com a queda registrada até agora, o país deve ultrapassar novamente a marca de mil mortes de motociclistas até o fim do ano.
Fatores de risco
Para o especialista em trânsito Celso Alves Mariano, diretor do Portal do Trânsito, diversos fatores explicam a alta mortalidade entre motociclistas. A condução sem habilitação ou com CNH suspensa está entre os principais problemas identificados pelos órgãos de fiscalização. “É uma receita para o desastre: veículos naturalmente pouco seguros, muito mais rápidos que os outros, conduzidos por pessoas nem sempre habilitadas, hábeis ou experientes, em meio ao tráfego de veículos maiores, em um ambiente onde a percepção de riscos é muito baixa”, destacou.
Segundo ele, as características do veículo de duas rodas ampliam os riscos. “Moto não para em pé sozinha. Um simples tombo já costuma ser grave. Acidentes em que velocidade e falta de habilidade se combinam frequentemente são fatais.”
Sequelas e impacto no sistema de saúde
Além das mortes, os sobreviventes enfrentam longos processos de recuperação. Um estudo da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) aponta que dores crônicas, deformidades, déficit motor, limitação funcional e amputações estão entre as sequelas mais comuns.
O impacto sobre o sistema de saúde é expressivo: mais de 60% das unidades hospitalares ouvidas relatam ter atendido acima de 600 vítimas de acidentes de trânsito em apenas seis meses, sendo a maioria motociclistas.
Ações de conscientização
Em nota enviada, o Ministério dos Transportes informou que a Senatran intensificou em 2025 as ações educativas voltadas à redução da velocidade e à proteção dos motociclistas. A mensagem oficial das campanhas do Sistema Nacional de Trânsito neste ano é:
“Desacelere. Seu bem maior é a vida.”
Apesar disso, Mariano ressalta que as campanhas, embora importantes, não resolvem sozinhas o problema. “No Brasil, efetivamente, só fazemos campanhas, ao invés de adotarmos um Programa de Educação para o Trânsito. Elas são boas e indispensáveis, mas insuficientes para mudar comportamento. Uma boa campanha pode até levar um motociclista a voltar para casa e buscar o capacete, mas não garante transformação duradoura.”
Via Enfoque MS