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Mesmo com leve queda na geração, MS começa ano com pleno emprego

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Em janeiro e fevereiro, agropecuária e construção civil puxaram as contratações no Estado

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostram que, mesmo com modesta queda no número de postos de trabalho com carteira assinada neste início de ano, Mato Grosso do Sul permanece em situação de pleno emprego. Na comparação com janeiro de 2023, a queda foi de 4,88%.


O Estado fechou janeiro com um saldo positivo de 4.989 empregos formais criados, resultado obtido pela contratação de 36.800 trabalhadores com carteira assinada e a demissão de 31.811 pessoas. Contudo, o número é menor do que o registrado no mesmo mês do ano passado, quando o resultado entre admissões e demissões foi de 5.245 empregos gerados, ou seja, em janeiro deste ano, foram 256 vagas novas a menos.
De acordo com análises de economistas ouvidos pelo Correio do Estado, a oscilação na geração de vagas é um movimento considerado normal para o início de ano.


O doutor em Economia Michel Constantino explica que a variação faz parte da dinâmica do mercado de trabalho. “Atualmente, estamos em pleno emprego em MS, ou seja, um porcentual alto de emprego no Estado”.


Ainda segundo o economista, o Novo Caged mostra a dinâmica mensal. “Esta apresenta uma tendência de queda no emprego, na média, devemos manter o número de empregados e variar para cima e para baixo de acordo com a sazonalidade do mês”, enfatiza.


Para o mestre em Economia Eugênio Pavão, a alta da Selic, taxa básica de juros, contribui para frear o crescimento dos investimentos e, com isso, há uma menor abertura de vagas de trabalho.
“Os juros altos provocam a redução da retomada dos investimentos, menos financiamento à produção, empregos, etc., o que provoca, sem dúvidas, um processo recessivo”, disse.


A Selic se mantém em 11,25%% desde janeiro deste ano. A taxa básica da economia brasileira faz com que todos os setores aumentem os juros também. Atualmente, o governo federal pressiona o Banco Central para reduzir a Selic.


O mestre em Economia Lucas Mikael reforça que o panorama nacional coopera para a leve retração. “Isso é atribuído ao nível da taxa básica de juros na economia e ao endividamento, que são fatores que impactaram a geração de empregos neste período”.


Conforme o Novo Caged, a faixa etária mais contratada foi a de 18 anos a 24 anos (1.589), seguida por a de 30 anos a 39 anos (1.079) e a de 40 anos a 49 anos (952). Quanto ao grau de instrução, a maioria dos contratados tem Ensino Médio. Em 2023, o Estado encerrou o ano com saldo positivo, com 27.744 novas vagas de emprego.

PNAD


Atestando o cenário de pleno emprego no Estado, a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), com detalhes do quarto trimestre do ano passado, aponta que MS registrou 4% de taxa de desocupação, enquanto a média nacional foi de 7,4%, mantendo-se com taxa de desemprego bem abaixo da média nacional.


Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse valor é o mesmo registrado no trimestre anterior, indicando estabilidade. Com esse resultado, Mato Grosso do Sul continua a ter a quarta menor taxa de desocupação do País, atrás somente de Rondônia (2,3%), Mato Grosso (2,4%) e Santa Catarina (3,6%).


A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) relata que um país ou uma região vivem uma situação de pleno emprego quando sua taxa de desocupação oscila entre 4% e 6,4%.

SETORES


O setor agropecuário e o de construção civil seguem liderando o saldo positivo na criação de vagas formais pelo segundo ano consecutivo em Mato Grosso do Sul.


Em primeiro lugar, vem o segmento agropecuário, foram 1.926 contratações, resultado de 6.812 admissões e 4.886 desligamentos no mês.


Em seguida vem a construção civil, com saldo de 1.300 empregos registrados, foram 3.536 carteiras assinadas e 2.236 contratos encerrados. O setor apresenta alto índice de empregabilidade em razão da presença de grandes empreendimentos que estão se instalando no Estado.
A cidade de Ribas do Rio Pardo se destaca, com saldo de 366 vagas na construção civil, como consequência da fase de edificação da fábrica de celulose da Suzano.


“Outro efeito é realmente a vinda das grandes empresas, como a Suzano, e também grandes redes da construção civil, como MRV e outras”, avalia Constantino.


O economista Lucas Mikael cita também outra grande obra que impacta amplamente o segmento. “Os investimentos na Rota Bioceânica e nas indústrias de celulose impulsionam a economia local, tornando o Estado uma opção atrativa tanto para investimentos industriais quanto para residência de trabalhadores futuros”, exemplifica.


Já em relação ao agro, ele salienta que o segmento sempre foi o motor do Estado, sendo natural ter relevância na criação de empregos formais. Ainda entre os setores, o de serviços registra saldo de 1.019 vagas com carteira assinada, com 12.615 contratações e 11.596 demissões. Já a indústria registra saldo de 952 empregos no ano, e o comércio é o único setor a exibir saldo negativo, com menos 209 postos de trabalho em janeiro deste ano.

NACIONAL


No País, foram 180.395 vagas com carteira assinada criadas em janeiro deste ano, resultado de 2.067.817 contratações e 1.887.422 demissões. Em dezembro de 2023, o saldo de vagas tinha sido negativo em 440.006 postos.


Atualmente, são 45,7 milhões de pessoas com emprego formal no Brasil. No total, foram 655.717 requerimentos de seguro-desemprego no primeiro mês do ano.


Entre os segmentos produtivos, o de serviços foi o que teve o maior saldo de empregos gerados, com 80.587 vagas. A indústria obteve saldo de 67.029 vagas, a construção, 49.091, e a agropecuária, 21.900. O comércio foi o único com saldo negativo, com menos 38.212 postos de trabalho.


Após a divulgação do primeiro resultado do ano, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, afirmou em coletiva à imprensa que o saldo de empregos gerados em janeiro é um bom sinal para a economia brasileira.


“Não foi o principal resultado para o mês, mas tem um patamar importante de largada na economia deste ano”, destaca.


O ministro ainda ressaltou a política de valorização do salário mínimo como um fator positivo, já que em janeiro também houve elevação do salário médio de admissão, tendo em vista que a média real de admissão foi de R$ 2.118,33, um aumento de R$ 69,24 em comparação com o valor de dezembro de 2023 (R$ 2.049,09). Em comparação com janeiro do ano passado, o ganho real foi de R$ 17,17 (0,82%). 

Via Correio do Estado MS

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