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Agropecuária

Com fim do embargo, produtores já falam em arroba a R$ 300

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Expectativa dos pecuaristas é de que preço da arroba do boi suba no médio prazo; país asiático levantou restrição ontem

A suspensão do embargo chinês é boa notícia para o setor agropecuário no Estado e gera expectativa de valorização da arroba do boi para valor acima de R$ 300 a partir das próximas semanas.

O anúncio foi feito ontem pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, após reunião com o ministro da Administração-Geral de Aduanas da China (GACC), Yu Jianhua.

“Os frigoríficos podem retomar as atividades imediatamente”, detalhou o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), Guilherme Bumlai.

“Com o retorno das exportações, esperamos que isso consolide a tendência do preço da arroba e tenhamos um escoamento melhor”, afirmou.

Conforme a cotação da arroba do boi gordo divulgada pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), o valor vem em uma tendência de alta. No início de março, a cotação da arroba do boi gordo era de R$ 256,59 e, na cotação de ontem, estava em R$ 265,95.

“Estamos em uma tendência de alta e esperamos que [a arroba] fique acima dos R$ 300”, acrescentou Bumlai.

Nas redes sociais, a Embaixada da China divulgou que o país “retomará a importação de carne bovina brasileira desossada com menos de 30 meses de idade a partir de 23 de março de 2023”.

“Todo o segmento da pecuária de corte estava ansioso, esperando por esta notícia”, expressou o presidente do Sindicato das Indústrias de Frios e Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul (Sicadems), Sérgio Capuci.

Expansão das exportações

Atualmente, em Mato Grosso do Sul, três frigoríficos estão habilitados para exportar para a China: Naturafrig, em Rochedo; FrigoSul, em Aparecida do Taboado; e Agroindustrial, no município de Iguatemi. Todas as plantas são independentes, não vinculadas às grandes multinacionais.

A suspensão do embargo ocorreu às vésperas da viagem presidencial à China, com uma comitiva de aproximadamente 100 empresários convidados pelo Ministério da Agricultura, dos quais 43 são do setor de carnes, como os irmãos Joesley e Wesley Batista, executivos da J&F, controladora da JBS.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está com viagem marcada para o dia 26.

Diante dessas circunstâncias, aumenta também a expectativa de que as articulações da comitiva brasileira possam conquistar a liberação de ainda mais frigoríficos aptos para exportação de carne.

Desde 2019, o país asiático não concede novas certificações para que empresas brasileiras possam exportar carnes bovina, suína e de frango.

“Temos uma lista, hoje, de mais de 100 frigoríficos buscando o credenciamento para o boi-China. É importante, também, agora, com essa visita do presidente Lula, que a China amplie esse número de frigoríficos credenciados, o que vai favorecer a pecuária sul-mato-grossense, tanto na participação no mercado como, principalmente, na remuneração ao produtor”, reforçou o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul (Semadesc), Jaime Verruck.

“Aproveitando a comitiva, esperamos que o protocolo sanitário de 2015 também possa ser discutido, para que, no futuro, apenas a área afetada receba essa restrição, e não o Brasil como um todo”, acrescentou Bumlai.

O embargo veio após a confirmação de um caso atípico da doença conhecida como mal da vaca louca, no estado do Paraná. Ao todo, a suspensão durou um mês.

No ano passado, o Estado exportou mais de 61 mil (61.540) toneladas de carne bovina para a China, conforme levantamento da Coordenadoria de Economia e Estatística da Semadesc.

Preço da carne

Jaime Verruck também comentou sobre os impactos do embargo no preço da carne.

“Esse embargo gerou uma queda de preço da carne bovina no mercado interno. Houve, inclusive, paralisações de alguns abates dos frigoríficos que têm na cota-China o principal mercado. Com a volta à normalidade, esperamos um impulso importante. A pecuária sul-mato-grossense tem uma carne de qualidade, livre de vacinação, com um projeto de sanidade muito bem consolidado e uma identificação de nossos produtos com qualidade”, expressou.

Os últimos dados, divulgados no início do mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontavam que os preços das carnes caíram 1,22% em fevereiro no Brasil.

Na ocasião, o gerente da pesquisa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), Pedro Kislanov, lembrou à Folha de S. Paulo que os preços da carne já vinham em uma trajetória de trégua, após fortes altas na pandemia, e que a baixa em fevereiro deste ano poderia ter sido intensificada pelo impacto inicial do embargo.

Essa suspensão teria resultado em um aumento da oferta no mercado interno.

“O que observamos é que o valor da carne nos mercados, apesar da baixa, está próximo ao que era na época em que a arroba do boi estava acima dos R$ 300. A valorização da arroba não interfere no preço da carne, então, a expectativa é de que a arroba do boi valorize sem que o preço da carne sofra novos reajustes”, comentou Bumlai.

Via Correio do Estado MS

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