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Argentina tem o 5º salário mínimo mais baixo da região e volta a perder da inflação

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Em março, valor irá chegar a 202.800 pesos (US$ 235)

O governo da Argentina fixou na terça-feira (20) o salário mínimo em 180.000 pesos para fevereiro (US$ 210 pela taxa de câmbio oficial) e 202.800 pesos para março (US$ 235), disse o porta-voz presidencial Manuel Adorni em uma coletiva de imprensa.

O valor é o quinto mais baixo da região.

Esses números representam um aumento de 30% no salário mínimo em dois meses, considerando que o valor atual é de 156.000 pesos (US$ 182) e foi aumentado pela última vez em dezembro de 2023.

Esse anúncio ocorre dias após o fracasso da reunião do Conselho de Salários, formado por representantes do governo nacional, câmaras empresariais e sindicatos, na qual não se chegou a um acordo sobre o novo piso salarial.

A Confederação Geral do Trabalho (CGT) emitiu uma declaração delineando suas reivindicações nas negociações.

A entidade afirmou que “como é de conhecimento público, a proposta da CGT é estabelecer um aumento de 85% sobre o último valor em 1º de fevereiro, estabelecendo uma base de 288.600 pesos (US$ 337 pela taxa de câmbio oficial). Essa proposta teve o acordo das três confederações sindicais e a rejeição da contraparte dos empregadores”.

Além disso, o comunicado critica fortemente a administração do presidente. “O governo impediu que a reunião ocorresse normalmente por todos os meios possíveis, os empresários liderados pela União Industrial Argentina foram condescendentes com essa estratégia e não fizeram nenhuma proposta”, escreveram.

Embora ainda não tenham sido estabelecidos detalhes sobre possíveis medidas de força por parte dos sindicatos, Adorni foi enfático durante o anúncio do novo piso salarial.

Ele disse: “Respeitamos todas as medidas de força e qualquer tipo de manifestação (…) Os sindicatos estão entre aqueles que respeitamos como tal, embora seja difícil para nós entender por que há tanta raiva contra um governo que está no cargo há apenas algumas semanas”.

No entanto, o novo Salário Mínimo Vital e Móvel de 180.000 pesos na Argentina tem dois fatos importantes, um deles que é o quinto salário mínimo mais baixo da região da América Latina.

Em segundo lugar, ele mais uma vez perdeu para a inflação, que — somente em janeiro — foi de 20,6%, segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos da República Argentina (INDEC).

Embora os números de fevereiro ainda não estejam disponíveis, as previsões mais otimistas das empresas de consultoria não ficam abaixo de 14% de inflação mensal.

Salários mais baixo da região

Comparando todos os valores em dólares, apenas quatro países ganham menos que que a Argentina.

A Nicarágua está atualmente negociando um novo piso salarial e o atual é de pouco mais de 5.000 córdobas (cerca de US$ 141), sua moeda local.

A lista continua com o Haiti, onde a categoria salarial mais baixa é de 13.500 gourdes (cerca de US$ 102) e Cuba, cujo salário mínimo é de US$ 88 ou 2.100 pesos cubanos em moeda local.

Há algumas semanas o presidente Nicolás Maduro anunciou um aumento no salário mínimo de US$ 70 para US$ 100, mas nem todos os trabalhadores venezuelanos recebem o salário mínimo.

Para isso, eles devem estar registrados no sistema “Patria”, uma plataforma regulada pelo governo da qual fazem parte pouco mais de 14 milhões de pessoas. O restante dos trabalhadores com salário mínimo recebe 130 bolívares (US$ 3,6).

Salários perdem novamente para a inflação

É necessário considerar os números do Instituto Nacional de Estatística e Censo da República Argentina (INDEC), que mostrou uma taxa de inflação de 20,6% somente no mês de janeiro.

Com relação aos números de fevereiro, o ministro da Fazenda, Luis Caputo, disse que a cifra estará “mais próxima de 10 do que de 20%”.

Por outro lado, consultores e analistas de mercado concordaram que a inflação ficará abaixo de 20 pontos, de acordo com uma pesquisa realizada pela agência de notícias Télam.

CNN conversou com Lorena Giorgio, economista da empresa de consultoria Equilibra, que projeta uma inflação em torno de 16% ou 18% ao mês.

Em primeiro lugar, porque “o dólar financeiro permaneceu estável e em baixa durante grande parte do mês e esse fato impacta no preço dos alimentos, que também permanece estável”, diz ela.

Por outro lado, porque “aumentos como os de energia elétrica e gás, que iriam entrar em vigor neste mês, foram adiados para o próximo mês”.

Dessa forma, a economista prevê uma aceleração da porcentagem inflacionária para março, de modo que é “difícil” pensar em um único dígito para esse mês.

Semelhante a essas estatísticas, a empresa de consultoria C&T Asesores Económicos disse à agência de notícias Télam que a inflação em fevereiro poderia ficar em torno de 14%.

No entanto, uma soma aproximada entre o valor oficial da inflação para o primeiro mês do ano (20,6%) e as previsões das empresas de consultoria, apenas as porcentagens de janeiro e fevereiro (sem contar março) excedem o aumento de 30% no Salário Mínimo Vital e Móvel concedido pelo governo de Javier Milei.

Portanto, os salários perderam novamente.

Na Argentina, uma família de quatro pessoas precisava, em janeiro, de 596.823 pesos (US$ 697 pela taxa de câmbio oficial) para cobrir as necessidades da cesta básica total e não ficar abaixo da linha de pobreza, segundo o INDEC.

Esses dados indicam que, mesmo que haja duas pessoas trabalhando na casa e ambas ganhem o atual Salário Mínimo Vital e Móvel de 156.000 pesos (US$ 182), elas ainda não conseguem cobrir a cesta.

Se forem considerados os valores com o aumento, que correspondem a 180.000 pesos em fevereiro (US$ 210) e 202.800 pesos em março (US$ 235), essa família ainda é pobre.

Via CNN Brasil

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