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Com morte de pecuarista, Capital chega a seis latrocínios, maior número desde 2018

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Andréia Aquino Flores morreu asfixiada nesta quinta-feira em sua residência, após supostamente reagir a um assalto

Dados compilados pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), de 2018 a 2022, apontam que os primeiros sete meses deste ano lideram o ranking de latrocínios – roubos seguidos de morte – em Campo Grande, com cinco casos.

As primeiras investigações da Polícia Militar apontam que o provável sexto crime aconteceu nesta quinta-feira (28) e vitimou a pecuarista Andréia Aquino Flores, 38 anos.

Levando em consideração a série histórica dos 10 últimos anos, apenas entre os primeiros sete meses de 2021 e 2022, o número de latrocínios em Campo Grande aumentou 150%, saindo de dois para cinco registros. Em todo o ano passado, o município registrou cinco casos deste tipo de crime.

De acordo com dados da Sejusp, nos primeiros sete meses de 2012, seis casos de latrocínios foram registrados em Campo Grande. O mesmo período de 2013 contou com quatro ocorrências, uma redução de 33,3%.

Em 2014, a Capital teve 10 latrocínios entre janeiro e julho, maior número dos últimos 10 anos. No ano seguinte, houve redução de 80%, com dois casos registrados neste mesmo recorte no município. O ano de 2016 contou com um crescimento de 250%, com sete casos em sete meses.

Levando em consideração os meses de janeiro a julho de 2017, houve queda neste tipo de crime, com quatro casos registrados.

No período que antecedeu a pandemia de Covid-19, houve um crescimento de 75% nos roubos seguidos de morte na Capital, com sete casos em 2018. Em 2019, o município registrou um caso.

INVESTIGAÇÃO

Por ora, o que se sabe é que duas funcionárias de Flores, ao saírem de um atacadista na Rua Marquês de Lavradio, teriam sido abordadas, sequestradas e obrigadas a levar dois homens armados com faca e revólver para a residência dela. Os suspeitos estavam dentro do carro da vítima, no estacionamento do mercado.

Conforme relatado pelas mulheres à Polícia, elas não se lembram com exatidão se chegaram a trancar o veículo antes de entrarem no atacadista.

Ao chegarem ao condomínio, os assaltantes trancaram as duas funcionárias em um quarto enquanto abordavam Flores.

Uma das funcionárias alega que depois de um certo tempo foi obrigada pelos assaltantes a deixar o condomínio com o carro de Flores, sendo deixada na região do Bairro Tiradentes pelos assaltantes.

A outra funcionária que permaneceu na residência conseguiu se soltar no local em que era mantida presa e, em seguida, foi para o quarto de Flores, já encontrando a pecuarista morta. Ela então saiu da casa e buscou ajuda de um vizinho, que acionou a Polícia.

A suspeita inicial é de que Flores tenha sido agredida, amordaçada e asfixiada em casa, após reagir ao assalto.

No entanto, conforme apurado pelo Correio do Estado, uma das linhas de investigação da Polícia Civil é de que Flores já estava morta na residência quando as funcionárias chegaram com os assaltantes.

A corporação estaria aguardando, por ora, os laudos periciais para confrontar o horário da morte com a entrada das duas mulheres no condomínio. Segundo a perícia preliminar, Flores tinha diversos hematomas pelo corpo, principalmente na região do rosto, perto dos olhos e na testa. Vizinhos da residência onde o crime aconteceu foram avisados para ficar em casa e trancar as portas.

Equipes da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros, do Batalhão de Choque, da Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos (Derf) e do Grupo de Operações de Investigações (GOI) estiveram no local. O delegado responsável pela investigação não quis falar sobre o caso.

FAMÍLIA

A morte da pecuarista Andréia Aquino Flores, ontem, em sua residência em um condomínio de luxo no Bairro Chácara Cachoeira, pode ser o sexto caso de latrocínio este ano na Capital.

A vítima é filha dos produtores rurais Ocídio Pavão Flores e Joana Aquino Flores, família tradicional de Ponta Porã, proprietária de amplo patrimônio, com fazendas nos municípios de Guia Lopes da Laguna e Bela Vista.

O espólio do ex-diretor do Sindicato Rural de Ponta Porã segue sem definição. Após 10 anos da morte de Ocídio, em decorrência de um infarto sofrido em 2012, constam vários processos para partilha de seus bens. A pecuarista possui três irmãos, sendo um por parte de pai e mãe e outros dois filhos do pai com a segunda companheira.

LATROCÍNIO EM MS

Conforme dados da Sejusp, apenas este ano, já foram registrados seis casos de roubo seguido de morte em Mato Grosso do Sul. Em 2021, MS teve 13 crimes deste tipo. Levando em consideração a série histórica dos últimos 10 anos, 2014 lidera o ranking de mais casos, com 42 registros.

SAIBA

O chamado latrocínio é uma forma qualificada do crime de roubo, com aumento de pena quando a violência empregada resulta em morte. Esse tipo de crime, que está enquadrado no Artigo 157, § 3, II do Código Penal Brasileiro, prevê uma pena de 20 a 30 anos de reclusão, além de multa.

O que diferencia o latrocínio do homicídio simples é o dolo (intenção) do criminoso. O latrocínio é considerado ainda como crime hediondo, segundo a Lei nº 8.072/1990.

Via Correio do Estado MS

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