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Meio Ambiente

Em três anos, 3,5 mil peixes nascem na quarentena

Redação

[Via Correio do Estado]

Se para o campo-grandense o atraso nas obras do Aquário do Pantanal tem sido motivo de vergonha, além de desperdício de dinheiro, para a ciência, a demora foi oportunidade de fazer descobertas importantes.

Desde 2015, quando o cuidado das espécies saiu das mãos da empresa Anambi Ambiental – que responde processo judicial pela morte de mais de seis mil peixes –,  45 espécies se reproduziram, o que resultou no nascimento de 3,5 mil animais.

Os peixes, em sua maioria, estão se reproduzindo em cativeiro pela primeira vez e, assim, os profissionais responsáveis pela quarentena realizam pesquisas com os animais, fomentando a reprodução de espécies consideradas raras de forma assistida e fora de seu habitat.

Há três anos, eram 7,5 mil animais, depois que 6,6 mil morreram antes de serem transferidos para a quarentena.

A estrutura montada onde vivem os peixes – três galpões no terreno onde é a sede da Polícia Militar Ambiental (PMA) – abriga 144 tanques e mantém 11 mil animais, sob custo de R$ 254.583,25 por ano.

De acordo com Heriberto Gimenes Junior, biólogo e coordenador da quarentena, todo o desenvolvimento dos animais é acompanhado por uma equipe de profissionais composta por biólogos, médicos-veterinários e zootecnistas que registram desde a desova até a formação do corpo dos peixes.

“É um trabalho bastante minucioso, porque o peixe não tem meio termo. É preciso seguir uma rotina de alimentação balanceada e vistorias, pois tudo pode mudar muito rápido. Boa alimentação, qualidade da água, temperatura legal e acompanhamento em tempo integral. O dia inteiro nós monitoramos isso aqui. Não tem nenhuma mágica, apenas cuidado”, explicou Gimenez.

Só a alimentação dos animais custa R$ 31,9 mil reais anualmente. Medicamentos e manutenção dos galpões giram em torno de R$ 38 mil por ano. E os gastos com bolsistas (estagiários que ajudam na manutenção) e esgoto ultrapassam R$ 183 mil.

Mesmo tendo ocorrido mortes depois de todo esse cuidado e investimento, 150 desde julho de 2015, esse total é considerado abaixo da média natural.  “Praticamente não temos mortes, duas ou três por mês, um número bem pequeno”, afirma.

ALIMENTAÇÃO

Além da dieta balanceada, à base de ração e um “patê” produzido pela própria equipe, os peixes contam com ambientação nos tanques. Alguns recebem galhos de árvores e algas, para que os animais se sintam o mais confortáveis possível.

“Alguns peixes precisam de água mais escura, outros mais clara, outros são noturnos, também tem os que se alimentam de algas ou madeira, por isso, nós fazemos essa ambientação para o bem-estar animal”, disse o biólogo.

Em geral, os animais têm de 5 centímetros a 20 centímetros, mas há peixes com mais de um metro de comprimento. Dos maiores, o que mais chama atenção é uma espécie de pintado-albino – Pseudoplatystoma corruscans – que, diferentemente do mais conhecido em Mato Grosso do Sul, é completamente branco.

Já entre os menores, está o olho-de-fogo, do Pantanal sul-mato-grossense, que tem de 2 centímetros a 3 centímetros.

Entre as espécies que conseguiram se reproduzir na quarentena, um exemplo é a arraia, cujo nome científico é Potamotrygon. Nativa das bacias do Rio Paraná e Rio Paraguai, a espécie tem o corpo em formato ligeiramente oval, cartilaginoso, com centro levemente mais elevado e não tem ossos.

“Hoje, nós temos 19 delas, das quais sete foram trazidas e outras doze nasceram aqui”, conta o biólogo.

O trabalho de pesquisa dos profissionais já é reconhecido fora do País. Neste mês, estudantes noruegueses estão fazendo um estágio na quarentena. O objetivo deles é observar o tratamento dos peixes aqui, para que possam aplicar no país de origem.

“É muito importante, porque podemos conhecer mais as espécies da região, principalmente, as espécies mais vulneráveis, e aprender com isso para levar ao meu país e também ensinar a outras pessoas de lá”, disse o estudante Ole Paulsen.

ABANDONO

Idealizado para ser o maior viveiro de água doce do mundo, o Centro de Pesquisa e de Reabilitação da Ictiofauna Pantaneira de Mato Grosso do Sul está abandonado, Se para o campo-grandense o atraso nas obras do Aquário do Pantanal tem sido motivo de vergonha, além de desperdício de dinheiro, para a ciência, a demora foi oportunidade de fazer descobertas importantes.

Desde 2015, quando o cuidado das espécies saiu das mãos da empresa Anambi Ambiental – que responde processo judicial pela morte de mais de seis mil peixes –,  45 espécies se reproduziram, o que resultou no nascimento de 3,5 mil animais.

Os peixes, em sua maioria, estão se reproduzindo em cativeiro pela primeira vez e, assim, os profissionais responsáveis pela quarentena realizam pesquisas com os animais, fomentando a reprodução de espécies consideradas raras de forma assistida e fora de seu habitat.

Há três anos, eram 7,5 mil animais, depois que 6,6 mil morreram antes de serem transferidos para a quarentena.

A estrutura montada onde vivem os peixes – três galpões no terreno onde é a sede da Polícia Militar Ambiental (PMA) – abriga 144 tanques e mantém 11 mil animais, sob custo de R$ 254.583,25 por ano.

De acordo com Heriberto Gimenes Junior, biólogo e coordenador da quarentena, todo o desenvolvimento dos animais é acompanhado por uma equipe de profissionais composta por biólogos, médicos-veterinários e zootecnistas que registram desde a desova até a formação do corpo dos peixes.

“É um trabalho bastante minucioso, porque o peixe não tem meio termo. É preciso seguir uma rotina de alimentação balanceada e vistorias, pois tudo pode mudar muito rápido. Boa alimentação, qualidade da água, temperatura legal e acompanhamento em tempo integral. O dia inteiro nós monitoramos isso aqui. Não tem nenhuma mágica, apenas cuidado”, explicou Gimenez.

Só a alimentação dos animais custa R$ 31,9 mil reais anualmente. Medicamentos e manutenção dos galpões giram em torno de R$ 38 mil por ano. E os gastos com bolsistas (estagiários que ajudam na manutenção) e esgoto ultrapassam R$ 183 mil.

Mesmo tendo ocorrido mortes depois de todo esse cuidado e investimento, 150 desde julho de 2015, esse total é considerado abaixo da média natural.  “Praticamente não temos mortes, duas ou três por mês, um número bem pequeno”, afirma.

ALIMENTAÇÃO

Além da dieta balanceada, à base de ração e um “patê” produzido pela própria equipe, os peixes contam com ambientação nos tanques. Alguns recebem galhos de árvores e algas, para que os animais se sintam o mais confortáveis possível.

“Alguns peixes precisam de água mais escura, outros mais clara, outros são noturnos, também tem os que se alimentam de algas ou madeira, por isso, nós fazemos essa ambientação para o bem-estar animal”, disse o biólogo.

Em geral, os animais têm de 5 centímetros a 20 centímetros, mas há peixes com mais de um metro de comprimento. Dos maiores, o que mais chama atenção é uma espécie de pintado-albino – Pseudoplatystoma corruscans – que, diferentemente do mais conhecido em Mato Grosso do Sul, é completamente branco. Já entre os menores, está o olho-de-fogo, do Pantanal sul-mato-grossense, que tem de 2 centímetros a 3 centímetros.

Entre as espécies que conseguiram se reproduzir na quarentena, um exemplo é a arraia, cujo nome científico é Potamotrygon. Nativa das bacias do Rio Paraná e Rio Paraguai, a espécie tem o corpo em formato ligeiramente oval, cartilaginoso, com centro levemente mais elevado e não tem ossos.

“Hoje, nós temos 19 delas, das quais sete foram trazidas e outras doze nasceram aqui”, conta o biólogo.

O trabalho de pesquisa dos profissionais já é reconhecido fora do País. Neste mês, estudantes noruegueses estão fazendo um estágio na quarentena. O objetivo deles é observar o tratamento dos peixes aqui, para que possam aplicar no país de origem.

“É muito importante, porque podemos conhecer mais as espécies da região, principalmente, as espécies mais vulneráveis, e aprender com isso para levar ao meu país e também ensinar a outras pessoas de lá”, disse o estudante Ole Paulsen.

ABANDONO

Idealizado para ser o maior viveiro de água doce do mundo, o Centro de Pesquisa e de Reabilitação da Ictiofauna Pantaneira de Mato Grosso do Sul está abandonado, como mostrou reportagem do Correio do Estado do dia 15 de agosto. A obra já consumiu R$ 200 milhões e, para ser finalizada, deverá custar, pelo menos, mais R$ 71,4 milhões.

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