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Temporada de desfiles aposenta calça skinny masculina e lança ‘pijamão’

Redação

[Via Folha de São Paulo]

A moda masculina opera em um radar distante da moda feminina. As mudanças nos padrões de vestimenta são lentas e consomem quilômetros de tecido até que o homem assuma a novidade. Foi assim com a calça skinny, colada ao corpo, e que, depois de virar essencial nos 2000, parece estar com os dias contados.

Isso se o plano de grifes como Louis Vuitton, Ermenegildo Zegna, Prada, Etro, Giorgio Armani e outros figurões do olimpo fashion se concretizar.

Na última temporada internacional de desfiles de inverno, em janeiro, um batalhão de calças folgadas cruzou desfiles em Nova York, Londres, Milão e Paris.

Alberto Pizzoli/AFP Photo
Modelo desfila look da coleção masculina da Marni em Milão
Modelo desfila look da coleção masculina da Marni em Milão

Entre a calça reta e a bufante, que de tão larga e de gancho baixo parece uma saia, há opções de padronagens e cores para todos. Daquela modelagem justíssima, popularizada aqui com a ascensão do sertanejo universitário e da turma do emo, nem sinal.

No desfile da Zegna, uma das grifes masculinas mais tradicionais da indústria de luxo, calças descoladas do corpo foram combinadas a suéteres da mesma cor sobrepostos a blusas de gola alta.

Mais longe foi Giorgio Armani. Uma calça de proporções amplificadas e com a barra mais justa foi combinada, no desfile da marca, a um casaco de pele falsa.

Antonio Calanni/AP Photo
Modelo desfila look da coleção masculina da Giorgio Armani em Milão
Modelo desfila look da coleção masculina da Giorgio Armani em Milão

Pelos esses que também passearam nas blusas e jaquetas da Marni, outra grife amada por homens elegantes. Os looks misturavam o xadrez, em alta para os homens, com motivos gráficos e geométricos. Bem folgadão, como manda o movimento relaxado.

O uso desses modelos largos remonta aos uniformes profissionais, a roupas de operários e estivadores dos anos 1920, 1930 e 1940. Por necessidade de conforto e mobilidade, esses homens usavam calças de cós alto e pernas largas.

"Hoje é um padrão que vem do streetstyle, desse movimento mais urbano da moda. As novas gerações são iconoclastas, querem quebrar paradigmas do que é certo, então é natural provarem novas ideias", explica Evilásio Miranda, diretor para a América Latina do birô de tendências francês Nelly Rodi.

Alberto Pizzoli/AFP Photo
Modelo desfila look da coleção masculina da Ermenegildo Zegna em Milão
Modelo desfila look da coleção masculina da Ermenegildo Zegna em Milão

Na turma dos folgados está o cantor Justin Bieber, que mistura o visual largadão rapper com o dos engomadinhos das linhas retas. Camisões com calças-saia fazem parte do repertório do ídolo teen.

Filho do ator Will Smith e celebridade virtual, Jaden Smith é outra referência. O guarda-roupa do garoto é repleto de saias e roupas ligadas ao universo feminino, como miniblusas e vestidos.

ORGULHO E PRECONCEITO
Qualquer preconceito do público masculino com roupas "diferentes" não deve, acredita Miranda, impedir que a moda emplaque no Brasil. "Não é uma calça que toca em questões de gênero, como a saia faz. E é fresca, ideal para o clima brasileiro."

Para o estilista Renan Serrano, porém, o novo visual folgadão "é o primeiro passo para os homens assumirem que também podem usar saias".

Dono da grife Trendt, ele tem uma fila de clientes que esperam pelo menos dois meses para adquirir uma de suas saias de poliamida, confeccionadas sob medida. O modelo custa R$ 530 e, à primeira vista, parece uma blusa amarrada na cintura.

"Minha ideia é sempre criar peças que não estejam no repertório visual das pessoas, porque assim ninguém pode julgá-las. Não é roupa de mulher nem de homem, é uma roupa livre de julgamentos", afirma Serrano.

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