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Prefeitura diz que vai resolver falta de água tratada em favela

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Conforme a Águas Guariroba, a ausência do saneamento básico na comunidade Lagoa, em Campo Grande, ocorre pela falta de regularização dos imóveis

Conforme a Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários (Amhasf), os moradores da comunidade Lagoa, localizada próximo à Rua Sebastião Ferreira, no Jardim Colorado, em Campo Grande, finalmente terão acesso a água potável para o consumo.

A promessa de resolução do problema surge após nova investida do Correio do Estado sobre o tema, que já foi matéria em novembro de 2021.

À época, a reportagem expôs a triste realidade das 30 famílias da favela, que para sobreviver precisam consumir a água contaminada do escoamento de drenagem de uma estação de tratamento de esgoto (ETE) da Águas Guariroba.

Moradora e líder da comunidade Lagoa há cinco anos, Rosana do Amaral, 44 anos, conta que sente viver sem dignidade nenhuma.

“Temos os direitos humanos, que deveriam nos assegurar coisas básicas, mas que aqui não passam de uma ilusão. Não temos segurança, não temos saneamento básico, vivemos em meio a esse cheiro horrível de esgoto a céu aberto e bebemos a água que conseguimos, mesmo que sem tratamento ”, desabafou.

A concessionária informou que a disponibilização da rede de esgoto segue os critérios de regularização de imóveis exigidos pela Prefeitura de Campo Grande. Com isso, é necessário que o morador tenha em mãos documentos que comprovem a posse e a propriedade do imóvel, seguindo as determinações de habitação.

De acordo com o diretor de Atendimento, Administração e Finanças da Amhasf, Cláudio Marques Costa Júnior, nos próximos dias, uma solução será desenvolvida com a concessionária Águas Guariroba.

“Vamos buscar a Águas para encontrar uma solução para essas famílias. Na semana que vem, devemos encaminhar uma equipe até a comunidade para um estudo de como se dará a operação”, esclareceu.

O diretor ainda informou que, pela comunidade ser uma ocupação irregular de uma área pública, estando, inclusive, dentro de uma Área de Preservação Permanente (APP) lindeira ao Rio Anhanduí, a agência estuda uma realocação dos moradores da comunidade.

“Como a comunidade se trata de uma ocupação irregular, estamos elaborando um projeto para a realocação dessas pessoas para uma área segura e com acesso a serviços básicos, como eletricidade e saneamento básico. Isso deve ocorrer em meses”, declarou Costa Júnior.

SAÚDE

Segundo Rosana do Amaral, todos que moram ali ficam frequentemente doentes em razão do consumo da água sem tratamento, principalmente as crianças.

“Já pedimos ajuda do poder público, mas nada nunca é feito. Essa água que consumimos aqui já foi testada. E ela é contaminada, precisa de tratamento, mas não adianta irmos atrás, as crianças são internadas com vermes toda semana, vivem com diarreia e vômitos”.

No ano passado, Wendal dos Santos, de apenas 2 anos, precisou ser hospitalizado após apresentar febre e diarreia, sendo encaminhado para o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS).

Após exames, os médicos descobriram que a criança tinha mais de 37 parasitas (vermes) de pequeno e grande porte em sua barriga. Os especialistas diagnosticaram que a água que a família consumia foi o motivo da infecção.

Rosana relatou que essa não foi a primeira e nem a última vez em que um morador dali passou por esse tipo de situação. “Para vivermos aqui, temos que sempre tomar esses remédios de verme porque aqui o ambiente e a água são muito sujas, o ar fede, e isso nos adoece”.

CENÁRIO GERAL

Se engana quem pensa que a realidade desumana se restringe à vida das famílias da comunidade Lagoa. Atualmente, a Capital possui 39 ocupações, que correspondem a mais de 4.516 moradias ocupadas de forma irregular.

E outras estão se formando, indo na contramão da recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Constituição Federal de 1988, que asseguram o saneamento básico como um direito de todos.

De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Trata Brasil, divulgada em outubro do ano passado, a falta de saneamento básico foi responsável pela internação de 6.319 pessoas em Mato Grosso do Sul em 2019. Entre as doenças estão as diarreicas, dengue, leptospirose, esquistossomose e malária.

Via Correio do Estado MS

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