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Pré-natais aumentam 40% durante a pandemia em Campo Grande

Redação
Mais de 7 mil consultas foram realizadas em grávidas no ano passado

O registro de pré-natais em Campo Grande, durante o ano de 2020, aumentou 40% em relação ao ano anterior, de acordo com dados da plataforma e-SUS, do Sistema Único de Saúde. Enquanto em 2019 foram realizadas 5.031 primeiras consultas de mulheres gestantes, de janeiro a novembro do ano passado o número chegou a 7.023, um crescimento de 1.992 atendimentos.

A secretária administrativa Amanda Carneiro Bastos, de 37 anos, engravidou durante a pandemia da Covid-19. A gravidez não foi planejada e, em razão da doença, a nova mãe precisou redobrar todos os cuidados e a atenção, já que as gestantes fazem parte do grupo de risco. “Só saía de casa quando era extremamente necessário”, afirma.

Além dos cuidados, Amanda frisa que a gravidez na pandemia é diferente em muitos aspectos, até mesmo em relação à celebração. “Com essa doença, deixamos de compartilhar a chegada de uma nova vida. Muitas vezes não comemoramos, porque em alguns casos houve a morte de um ente querido, por exemplo”, comenta Amanda.

De acordo com a psicóloga Mariana Bianchi, o que pode resultar no aumento de gestações é a convivência mais próxima entre os casais. “Muitos casais no início da pandemia, e até hoje, estão trabalhando de casa e isso talvez possa ter trazido à tona algumas questões, novas conversas, novos desejos, ou até mesmo colocar em prática a vontade de ter um filho. Isso eu tenho visto acontecer com pacientes e também amigos”, explica a psicóloga.

O medo da morte, que a pandemia evidencia, também pode influenciar. “Muitas pessoas, por medo da morte, estão tentando ter mais vida de alguma forma, e nada tem mais vida que o nascimento de uma criança”, argumenta Mariana.

INTEGRAÇÃO 

De acordo com a gerente técnica da Saúde da Mulher da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), Thays Cruz, a razão do aumento significativo pode ter sido a integração total dos dados em uma única plataforma.

“Em 2019, eram apenas 29 unidades de atenção primária que registravam as consultas no sistema e-SUS/PEC. No ano de 2020, todas as 71 unidades passaram a realizar esse registro. Como o Sisab [Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica] é uma base de dados alimentada pelo e-SUS/PEC, o aumento pode estar relacionado a este fator”, argumenta a gerente.

RISCO

Os números divulgados pelo painel Mais Saúde apontam que duas gestantes morreram de Covid-19 e 105 foram infectadas em todo o Estado. Dessas, 59 foram em Campo Grande. Em Dourados ocorreram sete infecções pelo coronavírus e duas gestantes perderam a vida no município, localizado a 229 km da Capital.

As gestantes estão enquadradas no grupo de risco, mas o risco de morte só existe para aquelas que apresentam comorbidades, é o que explica o infectologista Julio Croda. “O que coloca as gestantes no grupo de risco da Covid-19 é o trabalho prematuro de parto. A doença acaba sendo um gatilho, assim como a influenza. Portanto, não é um risco para óbito, mas sim para complicação da gestação”.

Antes de dar à luz, Amanda seguiu todas as recomendações de biossegurança para garantir que o fim da gravidez fosse seguro.“Minha obstetra recomendou o isolamento e pediu para evitar contato com pessoas, além do uso constante de máscara. Quando chego com as compras lavo tudo com água e sabão e ainda coloco o que der na água sanitária. Segui todas as medidas para me proteger e ter uma gestação tranquila”, diz.

Durante o período, a internet tornou-se uma aliada importante, principalmente para diminuir o contato e a necessidade de sair de casa, evitando, por exemplo, enfrentar filas de bancos e lotéricas. “Também uso muito as redes sociais para tirar dúvidas, em vez de ir ao consultório. Qualquer coisa que saía do normal eu notificava. A gravidez mexe com nosso organismo, então quando eu tinha algo, como uma cólica frequente, já mandava uma mensagem e a obstetra me respondia assim que possível”, afirma.

O filho de Amanda chegou ao mundo no dia 12 de fevereiro, e não foi o único em 2021: só neste ano, outros 655 bebês nasceram, segundo informações da plataforma do Departamento de informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (DataSUS). Só na Capital, nos primeiros dois meses do ano foram registrados 173 nascimentos.

Em todo o ano de 2020, o Estado registrou 41.057 nascimentos, apenas em Campo Grande foram 13.239. O recorde dos últimos cinco anos foi em 2017, quando ocorreram 44.748 nascimentos.

Via Correio do Estado

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