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Saúde

População negra é que apresenta maior índice de letalidade na pandemia em Mato Grosso do Sul

Redação
Pesquisadores alertam autoridades para que este grupo seja priorizado nas vacinações

A população negra de Mato Grosso do Sul é a que tem maior média de letalidade por Covid-19. Uma pesquisa realizada pela Universidade Estadual (UEMS), aponta que a letalidade para pardos é 137,5% maior que a média do Estado.

Pesquisadores da UEMS publicaram uma Nota Técnica que relaciona a Covid-19 e fatores raciais.

O levantamento, feito pelas análises dos boletins epidemiológicos divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), aponta que, enquanto a letalidade média pelo vírus em Mato Grosso do Sul foi de 1,98%, para as pessoas pardas que contraíram a doença foi de 2,53%.

O número é ligeiramente maior que o índice nacional registrado até o final de março, de 2,52%.

“Fomos analisar os casos positivos da Covid-19 e óbitos em decorrência da doença no Estado para a população parda, justamente porque, no mundo, algumas raças estão padecendo mais devido ao vírus. Ao debruçar sobre os dados, percebemos que, de fato, isso também se reflete aqui. Nossos apanhados vão no sentido de alertar aos gestores e a própria população”, explica o professor Sandro Marcio Lima.

“A negra [população] é mais acometida pela Covid-19, em Mato Grosso do Sul. Por isso, encaminhamos uma alerta para os gestores e para a sociedade. É claro que todos devem tomar cuidado, mas entendemos que deve haver uma priorização para a imunização desse grupo”, continua o pesquisador.

Sandro explica que, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE ),apesar de raças distintas, os pretos e pardos compõe a comunidade negra.

Ele acrescenta ainda que o processo de vacinação deve ser para todos, mas enfatiza que é necessário uma priorização dos grupos mais vulneráveis, que de acordo com eles, são aqueles que apresentam maior índice de letalidade.

“Dos acometidos pela Sars-Cov-2, no Estado, 85% são pessoas que têm comorbidades. Só por esse indicador é fundamental a vacinação desse público de forma prioritária, mesmo que outras pessoas estejam na linha de frente, mas tenham o índice de letalidade menor, quando, muitas vezes, até não existe”, afirma

“Um exemplo é a categoria dos policiais. Justifica-se a vacinação imediatamente por atuarem na linha de frente, mas se for olhar nos casos, existem outros grupos com maior índice de mortalidade. É difícil falarmos disso porque parece que não queremos priorizar determinados grupos, mas, como já disse, deve ser levado em conta o risco de cada um e os negros estão padecendo mais com essa pandemia”, defende Lima.

A nota técnica Conjunta Centro de Recursos Naturais e Centro de Pesquisa em Estudos de Estudo, Pesquisa e Extensão em Gênero, Raça e Etnia (Cerna-Cepegre), analista ainda dados sobre a incidência da Covid-19 e a letalidade da doença na população amarela, bem como realiza análise considerando a correlação da doença com um recorte entre a população de Mato Grosso do Sul e a população negra do Estado, por faixa etária

SEM BASE SUFICIENTE

Os estudos têm como base de dados os Boletins Epidemiológicos emitidos pela Secretaria de Saúde de Mato Grosso do Sul desde a confirmação do primeiro caso da doença, em março de 2020.

Desse modo, de acordo com o pesquisador e professor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Sandro Marcio Lima, os dados apresentados são insuficientes para compreender de forma mais efetiva o público atingido pela doença, levando em consideração, principalmente, as mutações do vírus.

“Nós nos baseamos nos boletins emitidos pela SES, mas eles não têm uma carga completa de informação. Não consigo ver no boletim diário, por exemplo, dados para interpretar as mudanças no comportamento dos infectados pelo vírus. Para isso, eu deveria analisar dia a dia, o que estamos fazemos, mas é complicado para uma equipe reduzida”, explica Lima.

Ainda de acordo com o pesquisador, alguns dados disponibilizados pela SES, informam sobre a idade e raça, mas não informam se o paciente apresentava ou não comorbidades.

Essa informação só é possível ter quando analisado o boletim disponibilizado diariamente pela Secretaria, mas ainda assim, de acordo com o pesquisador, o documento não apresenta as informações completas.

“Só no boletim diário que conseguimos ver sobre a comorbidade, mas não a raça, ou seja, não temos todas os dados necessários”.

Via Correio do Estado

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