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A partir de Campo Grande, Company fez mais de 25 mil vítimas no País

Redação

[Via Correio do Estado]

Envolvida em estelionato, falsidade ideológica e fraude no sistema financeiro, a Company Consultoria Empresarial Eireli, instituição clandestina localizada em Campo Grande, fez mais de 25 mil vítimas em todo o País. A organização criminosa se valia da falsa redistribuição de comissões das vendas de uma mina de ouro explorada há décadas, para induzir investimentos em dinheiro, oferecendo lucros exorbitantes de até 1.000 %. O esquema era coordenado por Celso Eder de Araújo, Sidney Anjos Peró e Anderson Flores. Os três foram presos nesta manhã pela Polícia Federal e Receita Federal, durante a Operação Ouro de Ofir.

Em coletiva de imprensa na Superitendência Regional da PF, os delegados Cléo Mazzoti e Guilherme Farias, juntamente com Henri Tamashiro, delegado da Receita Federal, afirmaram que ainda há um quarto suspeito foragido. O esquema movimentou cifras milionárias, se pautando na crença das pessoas de que estavam colocando suas finanças sob a tutela de uma empresa responsável. O grupo usava a história da mina para atrair a atenção das vítimas e, para convencê-las a investir, apresentavam documentos falsos, certidões com títulos rebuscados e autenticados, como forma de demonstrar credibilidade.

Eles chegavam a compartilhar nas redes sociais fotos em frente ao Banco Central, alegando que estavam resolvendo as pendências e que logo todas as aplicações seriam recompensadas. “As vítimas, em geral, eram pessoas bem esclarecidas, o que demonstra a complexidade do modo de agir deles”, explicou Mazzotti. Neste primeiro momento, detalhou, o foco da operação foi na captura do líderes, mas que outros indíviduos abaixo na escala hierárquica também serão investigados. “Além deles, existem os escrituários e corretores contratados que auxiliavam nas tarefas e terão que prestar esclarecimentos”.

Lucro

Conforme apurado, o esquema consistia basicamente em apresentar às pessoas a possibilidade de receber fatia significativa da redistribuição das comissões das minas. Em seguida, exigiam que os interessados fizessem investimento a partir da cota mímina de R$ 1 mil. Quanto mais fosse aplicado, maior seria o retorno obtido. Os valores, relata o delegado Guilherme, seriam para arcar com os custos do processo. “O problema é que a promessa era de um retorno financeiro incompatível”, pontuou. Quem depositava R$ 1 mil, poderia receber até R$ 1 milhão, mas o dinheiro jamais foi liberado para saque.

A PF solicitou à Justiça o bloqueio das contas bancárias de todos os investigados, o que vai impossibilitar novas transações. Além disso, durante a operação, que também teve cumprimento de mandados em Goiânia (GO), Brasília (DF) e Terenos (MS), foram apreendidos R$ 1 mihão em espécie e 200 quilos em pedras preciosas. A polícia não descarta ainda que a quadrilha usasse o Campeonato Estadual de Futebol para lavar dinheiro, por meio de patrocínios. A Federal de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS) se manifestou dizendo apenas que tem contrato legal de patrocínio para todas as competições de 2017.

Fraude

Henri Tamashiro, da Receita, lembrou ainda que um dos pontos que chamaram a atenção e foram cruciais para o início das investigações, foi o crescimento dos bens declarados anualmente. Entre 2012 e 2013 os valores foram baixos, mas cresceram rapidamente nos anos seguintes. “Acreditamos que fizeram isso para mostrar credibilidade junto às vítimas”, disse Tamashiro. Ou seja, a Company mostrava riqueza aos investidores, indicando que os investimentos trariam sucesso e ainda passando a falsa impressão de que, caso algo desse errado, teria fundos suficientes para ressarcir todos.

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