Sebastião Salgado por Bruno Poletti/Folhapress.

Uma matéria da Folha de São Paulo, de 28/10/2016, sobre o premiado fotógrafo Sebastião Salgado tem gerado discussão nas redes sociais. Na declaração, Salgado afirma que, em questão de décadas a fotografia irá desaparecer.

Essa afirmação tem dividido opiniões, de um lado os tradicionalistas que defendem a fotografia como forma de arte, saindo da câmera para a ampliação, impressão e, de outro lado, os que defendem que está havendo apenas uma evolução por conta dos meios digitais.

Sebastião Salgado considera fotografia tudo aquilo que é palpável, ou seja, chega a ser impresso, passou pelo planejamento do fotógrafo, estudo de luz, condições climáticas, enquadramento e, por fim, clicado. Com a digitalização e disseminação dos smartphones, temos uma automatização do processo e, com isso, uma saturação de imagens em todos os meios de comunicação.

Na maioria, estas imagens publicadas não passaram por planejamento, estudo de luz e enquadramento, simplesmente foram capturadas, flagradas automaticamente pelo observador. E é isso que Salgado fala, temos uma saturação de imagens, mas poucas fotografias.

Estará mesmo correta esta previsão desse grande ícone da fotografia? Estamos caminhando para uma banalização da mesma? Ou mesmo nos meios digitais, a fotografia como forma de arte conseguirá sobreviver ou se adaptar?

Os questionamentos são inúmeros, e somente ao longo dos anos iremos presenciar o seu caminhar. Mas cabe uma reflexão sobre do que vemos no dia a dia, imagens automatizadas ou fotografias?

Anos atrás comprar uma câmera profissional e, sobretudo, saber manuseá-la não era para qualquer um, o fotógrafo tinha que entender de fotometria e não tinha modo automático. Hoje, as câmeras chamadas de entrada pelos grandes fabricantes, são mais acessíveis e vêm automatizadas, permitindo, assim, que mesmo pessoas que não entendam de técnica possam produzir fotos profissionais.

Dentro do mercado fotográfico, essa acessibilidade tem gerado grande impacto sobre os estúdios e fotógrafos há muito na estrada, pois esses iniciantes têm entrado com preços extremamente mais baixos que a tabela, desestabilizando e desvalorizando a categoria. Hoje, um bom fotógrafo não é mais aquele que domina a técnica, mas aquele que consegue se sobressair nesse mercado saturado e competitivo.