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Nova Feira Central desperta expectativas em comerciantes

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Esta será a segunda grande modificação da feira desde 2004, quando saiu das ruas para a Esplanada Ferroviária

A Feira Central, popularmente conhecida como Feirona, instalada desde 2004 na Esplanada Ferroviária de Campo Grande, terá uma nova sede. A obra, avaliada em R$ 40 milhões, gera expectativa para quem trabalha e frequenta um dos principais pontos turísticos da Capital.

Esta é a segunda grande modificação da feira desde 2004, quando saiu das ruas e foi instalada na Esplanada Ferroviária, onde permanece até hoje. No entanto, a Feira Central existe há 97 anos, e em 2025 serão celebrados os seus 100 anos.

O projeto arquitetônico definitivo da nova Feira Central de Campo Grande deve ser apresentado em agosto, conforme a presidente da Associação da Feira Central e Turística de Campo Grande (Afecetur), que administra o local, Alvira Appel.

Há 18 anos no mesmo espaço, agora, a atração turística será construída onde hoje é o estacionamento, para dar mais comodidade aos seus visitantes e trabalhadores.

Quem acompanhou a mudança de endereço da feira nos primeiros anos da década de 2000 afirma que esta foi umas das melhores ações para alavancar as vendas. Contudo, o movimento de clientes hoje requer um espaço mais amplo.

Ao Correio do Estado, a comerciante Doralice Fernandes da Silva, 60 anos, relatou que a mudança para a Esplanada foi um presente para os feirantes, o que garantiu maior segurança e estrutura adequada.

“A gente vivia na rua, esquecido. Estávamos expostos a chuva, vento e ao perigo de perder a nossa mercadoria, por conta das condições do tempo. Quando viemos para cá, ficamos maravilhados, foi como se tivéssemos ganhado na loteria”, disse.

Doralice começou a trabalhar como feirante por influência de seu esposo, que vendia verduras e legumes na feira desde 1975. Os dois estão juntos desde então e hoje administram duas sobarias na Feira Central, que geram emprego para 18 pessoas.

Quanto à nova mudança, a feirante afirmou que veio no momento certo. “Nossa esperança é melhorar cada vez mais, porque será algo novo para Campo Grande, sem contar que é um ponto turístico. Está faltando qualidade na estrutura para atendermos de uma forma melhor os nossos clientes”, pontuou.

Quem também se lembra do início da feira e se animou bastante com a proposta de ter uma loja mais ampla no novo local foi Leonardo Mauro Santos Silva, 33 anos.

O empresário, que hoje possui um box de artigos para celular, começou sua trajetória como feirante aos 13 anos, junto de sua família. Silva relatou que pretende passar o ofício de feirante ao seu filho.

Leonardo contou que os pais tinham duas barracas quando a feira ainda estava localizada nas ruas da Capital, uma em que vendiam erva de tereré, cosméticos e diversos importados e outra em que a mãe dele comercializava brinquedos.

O comerciante contou que quando a feira abriu no espaço em que está hoje os clientes eram assíduos e o local sempre permanecia movimentado.

Por outro lado, o comerciante reconheceu que, com o passar do tempo e depois que o ponto deixou de ser novidade, as pessoas foram migrando para outros comércios.

“Após alguns anos, o fluxo foi diminuindo e perdemos clientes para novos empreendimentos que foram surgindo. Infelizmente, não adequamos a nossa estrutura na velocidade que era necessário”, disse.

Segundo Leonardo, após o anúncio do novo espaço, o clima entre os comerciantes é de expectativa e de ânimo para a nova mudança, que ainda não tem prazo para acontecer. “Estão todos ansiosos para saber quando as obras vão começar. Creio que quando a obra for completada será um ponto turístico fantástico”, concluiu.

RECURSOS

Dos R$ 40 milhões que serão empenhados nas obras, R$ 25 milhões foram garantidos pelo governo do Estado e R$ 15 milhões pela bancada federal, por meio do senador Nelson Trad (PSD).

De acordo com o secretário municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, Rudi Fiorese, ainda não há previsão para o início das obras, uma vez que o projeto deve ser aprovado pela Caixa Econômica Federal, que é quem autoriza a abertura da licitação.

Segundo Alvira Appel, diretora da Associação da Feira Central e Turística de Campo Grande (Afecetur), que administra o local, o projeto definitivo da nova feira será apresentado em agosto.

Appel adiantou ao Correio do Estado que o novo lugar está sendo desenvolvido para dar mais segurança na manipulação de alimentos, com lojas maiores para os empreendimentos no varejo, e também é pensado para acomodar de maneira mais confortável os visitantes.

Atualmente, o espaço comporta 300 negócios, dos quais 25 são restaurantes e 80 são pontos de venda de alimentos diversos.

HISTÓRICO

A Feira Central começou nas ruas de Campo Grande em 1925 e já foi transferida para diversos locais. O período mais conhecido é de quando ela ocupava Rua Abrão Júlio Rahe e se prolongava por várias quadras.

Na época, a feira, que funcionava de sexta-feira a domingo, já recebia um grande movimento de clientes, e diversas barracas iniciavam os atendimentos de madrugada.

Desde o seu surgimento, diversos produtos são comercializados na Feira Central, de legumes e verduras até o tradicional sobá. Maria de Castro, 78 anos, trabalhou na Feira Central por dois anos, entre 1981 e 1982.

O ofício representou a primeira oportunidade de emprego após chegar de Curitiba à Capital. Castro contou que a barraca onde trabalhava vendia objetos como espelhos, cintos, brincos, pulseiras e enfeites em geral.

O local, que pertencia ao seu cunhado, garantia o sustento de toda a família, que era composta ainda de seus dois filhos, que na época tinham 8 e 9 anos de idade.

Maria relatou que morava no Bairro Taquarussu e ia a pé para a feira, que era instalada na Rua Abrão Júlio Rahe. Por conta do problema de locomoção, ela dormia debaixo da barraca, para que no domingo abrisse o negócio logo cedo. “Ali foi muito bom para mim, foi dali que eu tirava o sustento da casa e dos meus dois filhos”, contou.

Maria recordou que o espaço sempre ficava cheio, especialmente de pessoas que vinham da zona rural mais próxima de Campo Grande para comprar produtos e manter a casa durante a semana.

“As pessoas que moravam nas chácaras e fazendas próximas vinham. Se alguém viesse passear na Capital e não fosse à Feira, o passeio não estava completo”, finalizou.

Via Correio do Estado MS

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