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Nova cepa já circula e Saúde quer ampliar restrições

Redação
Secretários do Brasil, incluindo o de MS, querem medidas unificadas para frear contágio

Mato Grosso do Sul iniciou a semana com a taxa de ocupação de leitos públicos e as confirmações de infecção pela Covid-19 em alta, o que, segundo especialistas, pode estar relacionado à circulação da nova cepa (P.1). O secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, afirmou que, com a alta de internações, as medidas de biossegurança podem ser reforçadas no Estado.

O secretário declarou que, em razão do aumento constante de casos, fará pedido ao governo federal para que as medidas restritivas de biossegurança para contenção da Covid-19 sejam aumentadas ainda esta semana.

“Na carta divulgada pelos secretários mostramos que é preciso uma unidade dos 27 estados no sentido da construção de uma posição única para fazermos um pedido para tomar medidas restritivas a fim de diminuir o alto grau de contaminação, de internações e de óbitos que estão acontecendo em todo o País”.

Resende ressaltou que existiu uma articulação dos secretários de Saúde de todas as 27 unidades da Federação para divulgar uma “carta ao povo brasileiro”. A carta foi publicada ontem, e nela os gestores citam a proibição de eventos presenciais, como shows, cerimônias religiosas e eventos esportivos, a suspensão das atividades presenciais de educação no País, a adoção de trabalho remoto sempre que possível, a instituição de barreiras sanitárias nacionais e internacionais (considerando até o fechamento de aeroportos e a suspensão do transporte interestadual), a adoção de medidas para a redução da superlotação dos transportes, além do toque de recolher nacional das 20h às 6h.

Atualmente, em Mato Grosso do Sul há toque de recolher com dois horários, de acordo com a classificação do Programa de Saúde e Segurança da Economia (Prosseguir). Os municípios classificados pelo programa nas bandeiras vermelha e cinza, que representam risco maior de contágio, seguem o horário das 22h às 5h. As demais cidades têm toque de recolher das 23h até as 5h.

Campo Grande está na bandeira vermelha e deveria iniciar o toque de recolher às 22h. Um decreto municipal, porém, estabelece as restrições a partir das 23h.

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES), nesta segunda-feira a média móvel de pacientes internados em Mato Grosso do Sul estava em 856,3 casos diários nos últimos sete dias. “Campo Grande chegou à taxa de 95% de ocupação de leitos durante o fim de semana, e Dourados chegou a quase 100%, com cerca de 98%. A situação na região já deu uma amenizada por conta da ampliação de alguns leitos em cidades vizinhas”.

Resende explicou que, mesmo com a alta taxa de ocupação, não é possível ampliar o número de leitos para Covid-19, por causa da falta de profissionais de saúde. “Nós temos os ventiladores, os monitores e os medicamentos necessários, não estamos como no começo de janeiro ou no início da pandemia. No entanto, nós não temos médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde para dar suporte no atendimento no Estado”.

TEMOR

O titular da Secretaria de Estado de Saúde explica que há indicativos de que nos próximos dias haverá um grande aumento no número de casos, que ficam mais graves. “Os meses de fevereiro e janeiro foram quando tivemos quadros assustadores no enfrentamento da doença em várias unidades da Federação. Esse quadro está muito próximo de Mato Grosso do Sul, nós somos vizinhos de dois estados que hoje estão em situação de muita dificuldade no enfrentamento da Covid-19”, detalhou Resende.

NOVA ONDA

De acordo com a infectologista Ana Lúcia Lyrio, o número de casos e mortes e a superlotação dos leitos de UTI para tratamento exclusivo de Covid-19 mostram que o Estado está entrando em uma nova onda sem sair completamente da primeira. “Estamos entrando na terceira onda sem ter saído da primeira. O Carnaval somente agravou a situação, porque a população do nosso Estado age como se não tivéssemos Covid, ninguém respeita as normas de biossegurança, com aglomerações em todo lugar”, detalhou.

Ana Lúcia destacou que, como já foram encontrados casos com a nova cepa em Mato Grosso do Sul, é certo que esta circula em todo o Estado, com uma capacidade de transmissão muito maior. “Com o comportamento atual, devemos chegar aos níveis anteriores, até porque a vacinação está muito lenta”.

A infectologista ainda ressaltou que a situação de aumento e queda de casos e mortes continuará ocorrendo até que toda a população seja vacinada. “Exatamente porque não podemos esperar conscientização da população”.

Via Correio do Estado

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