Na pandemia, vegetação cresce nos cemitérios de Campo Grande
Com chuvas e falta de manutenção, mato aumentou nos locais e chegou a cobrir túmulos
Em meio à pandemia da Covid-19, o mato vem tomando conta dos cemitérios públicos de Campo Grande e, com as chuvas, os locais podem se tornar até focos de mosquitos transmissores da dengue. Em alguns pontos, a vegetação chegou a cobrir os jazigos, tornando difícil a distinção entre corredores e túmulos.
No maior cemitério público de Campo Grande, o Santo Amaro, o mato chega até a cintura e cobre boa parte do local, incluindo algumas sepulturas.
A falta de cuidado atinge não só os jazigos, mas as passarelas entre um túmulo e outro, aumentando o risco de acúmulo de sujeira e até de água parada.
Já no Cemitério do Cruzeiro, onde o mato também está alto, funcionários da CG Solurb iniciaram na semana passada a roçagem e limpeza do local.
De acordo com a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), o matagal é justificado pela chuva dos últimos dias. Segundo o gerente-geral de Cemitérios Públicos Municipais, Marcello Barbosa da Fonseca, a limpeza acontece sempre, mas não de forma periódica. “Não existe um período certo para limparmos os cemitérios, mas sempre que há a necessidade. Neste período de chuva, o mato cresce muito mais rápido e assim é mais complicado fazer a limpeza”, afirma.
O responsável pelos cemitérios públicos de Campo Grande aponta ainda uma dificuldade que vai além do volume de chuvas nos últimos dias. Segundo Fonseca, a pandemia da Covid-19 também dificultou a limpeza dos locais.
Como a prefeitura utiliza também a mão de obra carcerária para realizar o trabalho de limpeza dos locais, sendo essa uma atividade que proporciona aos detentos a possibilidade de remição de pena, por um período a oferta de trabalhadores foi suspendida.
Em razão da pandemia, o trabalho foi suspenso nos últimos meses. “Tem um projeto do governo do Estado, que coloca os reeducandos da Penitenciária da Gameleira para trabalhar nos cemitérios e parques da Capital. Esse projeto parou por um tempo por causa da pandemia, mas a atividade já retornou e agora em março os reeducandos estarão trabalhando junto a outras pessoas que compõem a equipe para finalizar a limpeza em todos os três cemitérios públicos de Campo Grande”, afirma Fonseca.
CUIDADO
A manutenção dos túmulos não faz parte da responsabilidade da administração pública. O gerente-geral afirma que esse papel deve ser realizado pelos parentes. A limpeza, reforma ou construção é responsabilidade dos familiares, e em alguns casos é necessário autorizações.
“Para construir ou reformar um túmulo, é preciso alvará de reforma da prefeitura, que varia de R$ 20 a R$ 100. Não é permitido simplesmente chegar lá e mexer. A autorização deve ser apresentada na administração do local. Além disso, a pessoa responsável pelo serviço, que não é funcionário da prefeitura, deve ser apresentada e autorizada a realizar os procedimentos dentro dos cemitérios públicos de Campo Grande”.
A dona de casa Clarice de Oliveira Pelzl, 70 anos, sempre visita os parentes que já morreram. Clarice mora em um sítio, em Piraputanga, interior do Estado, e vem a Campo Grande para fazer as visitas em dias importantes e rezar por aqueles que partiram.
“Eu sempre limpo os túmulos dos meus parentes. Quando chega Dia de Finados, Sexta-Feira Santa, Dia dos Pais, Dia das Mães, sempre em data especial eu vou aos locais onde meus parentes foram sepultados. Geralmente vamos eu e meu irmão. Limpamos e deixamos flores para os que já foram. Isso eu faço desde criança, meus pais sempre me ensinaram isso. Eu vejo esse cuidado como uma forma de respeito”, conta.
Para manter o ambiente limpo, alguns familiares optam por contratar alguém para realizar a limpeza. “Acontece muito de os proprietários contratarem uma pessoa para limpar os jazigos, afinal, é muito mais prático e fácil para os familiares, que sempre encontram o local limpo quando fazem as visitas”, explica o gerente-geral de Cemitérios Públicos Municipais, Marcello Barbosa da Fonseca.
Esse trabalho é cobrado, por isso Fonseca reforça que quem faz esse tipo de serviço não é funcionário da prefeitura. “O que acontece é que muitas pessoas se intitulam funcionárias do cemitério por estarem lá há muito tempo, mas não quer dizer que são contratados da prefeitura”, explica.
Via Correio do Estado