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Moradores contestam laudo da prefeitura que condenou casas

Redação

[VIa Correio do Estado]

Os moradores do loteamento do Vespasiano Martins, região sul de Campo Grande, estão contestando o laudo da prefeitura que afirma que as casas do local estão condenadas e correm risco iminente de desabamento. “Eles afirmam que o problema é por conta do lençol freático que seria muito alto aqui, mas isso é só em duas ruas? Porque na frente das casas eles construíram um Ceinf. Lá está tudo bem?”, indagou o catador de reciclável e artista plástico Jéter dos Santos Ferreira, 29 anos.

Para alguns os moradores, há uma incongruência em relação ao restante do bairro, já os moradores do entorno não teriam tido a mesma orientação que eles. As casas foram entregues em 2016 a ex-moradores da favela Cidade de Deus pela gestão de Alcides Bernal.

O laudo que aponta os problemas foi feito pela empresa Etelo Engenharia de Estruturas. Em um trecho do documento a empresa afirma que “por informações de diversos moradores concluímos que o lençol freático está muito próximo da superfície. Esse fato deve ter determinado a pequena profundidade da maioria das sapatas, que, por consequência, estão apoiadas em solo úmido e com pouca capacidade de suporte”.

Em outro ponto o documento afirma que nenhuma obra de impermeabilização foi executada nas fundações das casas. “A umidade está atingindo as paredes, tornando o ambiente interno úmido”.

Entre as conclusões o engenheiro civil que assina o laudo, Carlos Liberato Portugal, afirma que os telhados deverão ser refeitos. Já em relação as deficiências nas fundações, o documento afirma que a médio prazo isso irá “comprometer a estabilidade e segurança das casas”.

“Com relação à umidade observada em várias casas, em função da proximidade do lençol freático, não encontramos solução viável”, finaliza o engenheiro.

De acordo com os moradores, o laudo teria sido feito com o pretexto de que a administração corrigiria o que estava errado ou faltando. “Eles vieram aqui e pediram para tirar foto dizendo que era para enviar para a Emha sobre o que ainda precisava ser feito, nos enganaram”, reclama Maísa Mamedes, 27 anos.

“Eu não vou sair daqui, depois de tanta guerra que enfrentamos, tanta luta, não é justo. Vou lugar até o fim”, declarou Ferreira, que afirma ter gastado cerca de R$ 6 mil para melhorias na casa, já que ela foi entregue apenas com o contrapiso pronto e pintada apenas pelo lado de fora.

Uma das reclamações do moradores, inclusive, é justamente sobre as melhorias feitas no local que, segundo eles, em uma possível retirada deles do Vespasiano, não haverá compensação financeira.

O loteamento é formado por 42 famílias e cerca de 12 teria assinado documento concordando com a mudança para outro terreno. “Eu optei por assinar porque de qualquer jeito vou ter casa digna para colocar minhas filhas. Quem ficar pode sofre novamente com uma reintegração de posse e não quero correr o risco de sofre com isso novamente”, declarou a azulejista Mariana Gonçalves, 25 anos, que é uma das representantes do loteamento.

Na manhã desta quarta-feira o prefeito Marcos Trad (PSD) afirmou que os moradores da região só “serão retirados se tiver um local adequado, apropriado e digno para eles, caso contrário não vai ser”. Ele promete que as novas casas serão feitas no modelo das que foram feitas no bairro Bom Retiro, para onde foi parte dos moradores da antiga favela.

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