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Inflação e desequilíbrio entre oferta e demanda geram futuro incerto para mercado de leite

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As incertezas refletem não só em Mato Grosso do Sul, mas em todo o país

Mercado de leite deve enfrentar futuro incerto, alerta o Centro de Inteligência do Leite (CILeite), da Embrapa Gado de Leite. Entre os motivos está a inflação de julho, mês em que o leite UHT registrou alta de 25,5% ao consumidor, mesmo com a inflação oficial tendo recuado.

Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados pelo Anuário Leite 2022, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em 2020, Mato Grosso do Sul registrou uma produção de quase 296 mil litros.

Em pesquisa de preço realizada pela equipe do Correio do Estado nesta quarta (17), em mercados da Capital, constatou-se que o litro do leite UHT tem sido ofertado por um preço médio de R$ 7,34. O preço mais baixo foi encontrado por R$ 5,69, e o maior o por R$ 8,99.

Em abril deste ano, pesquisa do Procon Municipal levantou os preços de produtos da cesta básica, entre eles o leite UHT. À época, o leite UHT com maior valor foi encontrado por R$ 5,25 e o menor por R$ 4,85.

Segundo a análise do CILeite, publicada neste mês, a causa do aumento nos lácteos está no desequilíbrio entre oferta e demanda, já que a produção de leite registrou queda de 9% no primeiro semestre de 2022 em relação ao mesmo semestre do ano passado.

A mesma análise aponta que a produção foi prejudicada pelo aumento de custos e recuo das margens.

Wilson Igi, diretor do Sindicato Rural de Campo Grande, pontua que, com a briga de preços, mais produtores devem deixar a atividade.

“Com isso, a oferta da matéria prima reduzirá mais ainda, e os preços devem voltar a subir. Veremos nestes próximos meses uma queda de braço entre produtor, indústria e varejo”, destaca.

O período mais complicado em termos de rentabilidade foi o segundo semestre de 2021 e início de 2022.

“Com pouco leite no campo houve forte competição entre os laticínios na compra do produto, elevando o preço da matéria-prima. Foi também o momento de forçar repasses no mercado atacadista, aproveitando o momento de escassez para recuperar margens”, aponta o CILeite.

Incertezas

Mesmo nos meses de maio e agosto tendo registrado os melhores índices de rentabilidade no setor, o nível de incertezas e a preocupação com os preços vem ganhando espaço nos últimos dias.

No mercado internacional, o cenário de crescimento econômico piorou. Como aponta o CILeite, o risco de recessão dos Estados Unidos aumentou, as previsões de crescimento europeu são piores e a China vem mostrando sinais de desaceleração do crescimento.

Desse modo, houve redução nas exposições em commodities por parte de grandes fundos de hedge – tradução do inglês hedge fund é uma forma de investimento alternativa aos investimentos tradicionais, com graus de risco variados, com poucas restrições e em algumas situações, altamente especulativo.

Com isso, a cotação de vários produtos recuou, entre eles os lácteos, ocorrendo de, em agosto deste ano, o leite em pó integral ser cotado em US$3.544/tonelada, o menor preço desde agosto de 2021.

Produção

Além dos fatores já citados, o levantamento mostra que mesmo o custo de produção, medido pelo ICPLeite/Embrapa, tendo recuado pelo terceiro mês consecutivo, em comparação anual, chega-se a um aumento de  18,1%.

Essa comparação é da média de janeiro a julho de 2022 com o mesmo período de 2021.

Ou seja, no comparativo anual os custos ainda estão mais altos, apesar da desaceleração recente.

Sobretudo, nos últimos meses a queda de preços dos concentrados, fertilizantes e combustíveis contribuiu para uma pressão menor no custo de produzir leite.

Saiba

No cenário nacional, as dez principais mesorregiões produtoras de leite somaram 15,41 bilhões de litros de leite em 2020, volume que representou 43,48% da produção brasileira. Na região Sul estão os principais índices de expansão.

Via Correio do Estado MS

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