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Justiça

Homem nega justiça por conta própria depois de matar suspeito de roubo

Redação

[Via Campo Grande News]

Cinco anos depois do homicídio de Jeunes Jeferson Amaral Fidelis, o “Dentinho”, o réu, o pedreiro Levi Ferreira Gomes, 43, é julgado pelo crime, em Campo Grande. O homem diz que não tinha a intenção de matar o rapaz, de quem suspeitava ser o responsável pelo roubo da moto do filho. “Eu não tentei vingança, não planejei nada, não fui para matar ele”.

Levi foi denunciado por homicídio simples, qualificado por motivação torpe e sem chance de defesa. O julgamento está sendo realizado na 2ª Vara do Tribunal do Júri.

Na denúncia, consta que o crime aconteceu na madrugada do dia 31 de outubro de 2014, no bairro Santo Eugênio. Mais cedo, o filho de Levi chegou em casa, chorando, dizendo que a moto dele havia sido roubada.

Levi disse que a descrição dos ladrões batia com a de dois homens que viu na frente da casa de Dentinho, mais cedo. Questionado pelo juiz Aluizio Pereira dos Santos se isso seria motivo suficiente para atribuir o crime à vítima, respondeu: “Tenho certeza absoluta que foi ele”. O pedreiror elatou que, ao tomar satisfação com rapaz, ele riu. Depois disso, o homem atirou, matando Dentinho, à época, com 23 anos. "Juro pela vida dos meus filhos que não foi por vingança”.

Na primeira fase do julgamento, foram ouvidas as testemunhas de defesa de Levi. As três falaram sobre o comportamento da vítima, “uma pessoa complicada que tumultuava o bairro”. Segundo elas, Dentinho era traficante, “fazia o que queria” e normalmente descontava na vizinhança quando era denunciado à PM (Polícia Militar) ou quando viatura passava pelo bairro.

“Tinha a pior impressão possível, quando ele estava lá, a gente não tinha sossego”, disse uma delas. Outra, defendeu Levi, dizendo que ele é trabalhador. “Eu, no lugar de mãe, também tomaria a mesma atitude em defesa do meu filho”.

Depois do depoimento das testemunhas, o réu foi interrogado pelo juiz. Levi disse que, depois que o filho relatou ter sido roubado, saiu à procura dos ladrões, com a certeza de que Dentinho tinha envolvimento.

Na denúncia, consta que ele andou pelo bairro e, sem sucesso, voltou para casa. Já na madrugada do dia 31, às 2h10, encontrou o rapaz, que entrava em casa acompanhado de outro homem, de moto. Ele perguntou “cadê a moto?” e, em resposta, segundo ele, o rapaz riu. Em depoimento, disse que entrou na casa, pegou a arma e voltou. Dentinho estava na rua, com um galão de gasolina. Ele disse que não se lembra quantas vezes atirou. Bastante nervoso, repetiu que não tinha intenção de se vingar.

O depoimento foi acompanhado pela esposa, Josilene Antunes da Silva, 40 anos, e três dos quatro filhos, com idades de 18, 21 e 25 anos, além de cunhadas, nora e sobrinha.

Josilene disse à reportagem que “antigamente era complicado e só de olhar para ele [Dentinho] dava medo”. Depois, complementou: “isso é triste, mas, se não fosse ele, ia ser a gente”.

Depois da fase da defesa, o julgamento segue com a sustentação da acusação, ainda em andamento.

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