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Saúde

Falhas em transporte e armazenagem provocaram falta de vacinas básicas

Redação

[Via Correio do Estado]

A falta de vacinas na rede pública de saúde de Campo Grande e em municípios do interior de Mato Grosso do Sul foi provocada por falhas no processo de importação e armazenagem das doses. Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que a tetraviral – que imuniza contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela – é analisada pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS).

“A pasta distribui as vacinas mensalmente aos estados, porém, neste mês de julho, a distribuição não foi autorizada”. De acordo com o Ministério a medida visa manter o controle de segurança das vacinas que são disponibilizadas para a população. Para o mês de agosto, a previsão é de atendimento de 100% da cota mensal de Mato Grosso do Sul, com envio de 42,3 mil doses para o Estado.

Já a vacina DTP (a tríplice bacteriana, que imuniza contra difteria, tétano e coqueluche), que é adquirida via Fundo Rotatório para Aquisições de Imunobiológicos da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), teve problema de variação de temperatura no transporte para o Brasil.

“A distribuição foi reduzida em razão de um problema de excursão de temperatura nas doses. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aguarda parecer da Opas para avaliar a liberação do produto. Assim que as doses estiverem disponíveis, a distribuição será regularizada”, afirmou a pasta.

O Ministério alerta que, para a otimização das doses disponíveis, a orientação é que nos municípios com baixo estoque ocorra agendamento da vacinação ou, como esquema de substituição, a vacina tríplice viral e a vacina varicela monovalente para a falta de tetraviral. No caso da DTP, a pasta orientou que os profissionais de saúde façam o agendamento da vacinação, mas na edição de quinta-feira (25) o Correio do Estado mostrou que as doses já não estão disponíveis nas unidades. Em alguns casos, a falta já dura um mês.

Na mesma semana em que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, esteve em Campo Grande para participar, ao lado do cantor Michel Teló, de ações do movimento Vacina Brasil – além de inaugurar a primeira unidade do Saúde na Hora e formalizar a liberação de R$ 167 milhões em investimentos para Mato Grosso do Sul –, a realidade de quem precisa do Sistema Único de Saúde (SUS) é de abandono e descaso.

Vacinas obrigatórias que protegem contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela (a tetra viral) e ainda difteria, tétano, coqueluche (a tríplice bacteriana – DTP) estão em falta nos postos de vacinação da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau). A própria pasta confirmou o problema em nota, afirmando não ter previsão de quando os estoques serão abastecidos.

Enquanto isso, a população sofre. No Centro Regional de Saúde (CRS) Tiradentes, a fila de espera para receber a DTP era grande enquanto a reportagem esteve no local. Em poucos minutos, a equipe flagrou pelo menos três mães saindo do local com seus filhos – sem imunizar as crianças. A autônoma Andressa Lins, mãe do Caio, de um ano e quatro meses, foi uma delas. “Ele já está com um mês da vacina atrasada e eu não sei se tem no particular, mas eu não posso pagar. E o poder público deveria arcar”, reclamou.

A estudante Juliana Serrouchamy, 22 anos, também flagrou mães deixando o local sem conseguir a imunização. “Estou aqui na fila e acabei de ver uma mãe indo embora porque não conseguiu vacinar. Ainda bem que vacinei meu filho no mês passado da DTP”, lembrou ela, que desta vez foi em busca da vacina contra a meningite.

A reportagem apurou que no CRS Tiradentes, a DTP está em falta há um mês. E para quem vai até lá a informação repassada é de que não há previsão de quando os estoques serão reabastecidos.

Na Unidade de Saúde da Família do bairro Iracy Coelho – onde Mandetta participou de solenidade há três dias – a vacina também está em falta e a informação que os funcionários receberam é de que doses poderão chegar na semana que vem. A sala de vacina tinha apenas três doses disponíveis em estoque. Dez chegaram na segunda-feira (22), dia que o ministro esteve em visita oficial, porém sete já haviam sido aplicadas. A falta de vacina também é registrada na unidade desde o início do mês.

A reportagem esteve ainda na Unidade Básica de Saúde Jockey Club, no Bairro Piratininga. No local, não havia nenhuma criança na fila para vacinar contra a DTP. Mas a informação é de que a unidade também não tem doses da vacina.

EXPLICAÇÃO

A Sesau informou que as vacinas administradas são fornecidas pelo Ministério da Saúde. Entretanto, não têm sido enviadas doses da tetra viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela). Quanto a DTP (difteria, tétano e coqueluche) a quantidade fornecida não é suficiente para atender a demanda. “Em ambos os casos não há previsão do órgão federal para regularização dos estoques”, disse a pasta.

Para substituir a tetra viral, é possível administrar duas vacinas: a tríplice viral (sarampo, caxumba, rubéola) e a varicela. Sendo assim, havendo indicação da tetra viral, ela é substituída pela tríplice + varicela, alcançando o mesmo efeito imunológico. “As unidades de saúde contam com estoque regular da tríplice e varicela. Quanto à DTP, não há solução alternativa”, afirmou a Sesau.

O valor da DTP em hospitais e laboratórios particulares é de aproximadamente R$ 180. A vacina tríplice bacteriana é ministrada em três doses, aos 2, 4 e 6 meses de vida da criança, com reforços entre 15 e 18 meses e, depois, entre 4 a 6 anos de idade.

CAMPANHA

O cantor sertanejo Michel Teló, que é embaixador do Movimenta Vacina Brasil, em prol da campanha de vacinação contra a hepatite viral, participou da abertura das ações ao lado de Mandetta na segunda-feira (22) e falou sobre a importância da vacinação e de manter o calendário de imunização – especialmente das crianças – em dia. “Eu e minha esposa cuidamos muito disso para os nossos filhos. É muito importante”, afirmou na ocasião.

Mandetta também anunciou que, a partir do ano que vem, haverá mais facilidade na hora da vacinação porque as carteiras passarão a ser apresentadas e atualizadas por aplicativo do celular. “No ano que vem, a gente deve ter a vacina todinha nos aplicativos para que as pessoas possam ter a portabilidade e não depender mais dos cartões”.

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