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Eunício viaja, e Senado deve adiar votação sobre isenção para diesel

Redação

[Via Correio do Estado]

Em meio à crise gerada pela greve dos caminhoneiros, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), deixou Brasília na noite de quarta-feira (23) e seguiu para o Ceará, onde mora.

Enquanto isso, está nas mãos do Senado dar andamento à tramitação do projeto de reoneração da folha de pagamentos, condição para que a tributação sobre combustíveis seja reduzida.

Os grevistas afirmam que só vão encerrar a greve depois que o texto for aprovado pelo Senado e sancionado pelo presidente Michel Temer.

Na quarta-feira, após negociar com o governo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez uma manobra regimental para dar celeridade ao projeto. Maia uniu ao texto uma proposta que destravaria a pauta da Casa, o que permitiu a aprovação da reoneração pelos deputados na mesma noite.

Agora, o texto segue para o Senado, mas o encerramento da semana para os senadores será como o de qualquer outra. Eunício embarcou para o Ceará antes mesmo que a Câmara votasse o projeto.O presidente da Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), José da Fonseca Lopes, criticou a decisão do presidente do Senado, Eunício Oliveira, de deixar Brasília nesta quinta-feira.

"O meu sentimento é de revolta, se ele fez uma coisa dessas. Nas entrevistas que eu vi, apareceu o presidente da Câmara e o do Senado. Bonitinho, na frente das câmeras, dizendo 'vamos resolver isso, vamos fazer aquilo'. Agora você me fala que um faz e o outro já tá na casa dele tomando uísquezinho, água de coco dele e nós estamos aqui comendo o pão que o diabo amassou, acho que não é por aí. Se for isso, a coisa não vai ficar boa", disse.

PRESSÃO

O impasse diante da greve de caminhoneiros ampliou cobranças pela mudança na política de preços da Petrobras e despertou pressões pela demissão do presidente da estatal, Pedro Parente.

O vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), disse que os reajustes diários dos combustíveis praticados pela companhia são "insuportáveis" e afirmou que a empresa precisa mudar de posição.

"É uma irresponsabilidade da Petrobras. Se Pedro Parente insistir nessa política de preços, que seja demitido. Não se pode colocar interesses da Petrobras acima dos interesses do Brasil", declarou o senador.

Parente tem bom trânsito entre tucanos e costuma ser citado por dirigentes do PSDB como modelo de gestor. Ele foi ministro da Casa Civil no governo Fernando Henrique Cardoso, de 1999 a 2002, e assumiu interinamente o Ministério de Minas e Energia durante o apagão elétrico de 2001.

Cunha Lima disse que a cúpula da Petrobras adota um comportamento arrogante ao se recusar a rever sua política de preços. "O presidente da empresa parece mais importante do que o presidente da República. Daqui a pouco, é ele quem vai nomear o presidente da República, e não o contrário", ironizou.

O vice-presidente do Senado afirmou que os projetos que reduzem a carga tributária sobre combustíveis (PIS, Cofins e ICMS) só devem ser discutidos na Casa a partir da semana que vem. "Isso se houver combustível para os aviões, para trazer os senadores a Brasília."

O tucano classificou a greve dos caminhoneiros como um "problema de segurança nacional" e disse que medidas urgentes são necessárias para contornar a crise.

Para Cunha Lima, a primeira delas é a flexibilização da política de preços da Petrobras –que atualmente segue as variações do mercado internacional.

"Ninguém defende a artificialização dos preços, mas o Brasil não suporta reajustes diários. Os contratos de frete precisam de alguma previsibilidade", afirmou.

O senador do PSDB criticou o governo Michel Temer e disse que a greve reflete uma "insatisfação generalizada, que está parando o Brasil". "É uma situação de desgoverno. Eles não estão dimensionando o tamanho da crise", completou.

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