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Saúde

Estado tem 150 pacientes na fila de tratamento de radioterapia

Redação

[Via Correio do Estado]

Mais de 150 pessoas com diagnóstico de câncer aguardam tratamento de radioterapia em Mato Grosso do Sul, em razão da falta de aparelhos de aplicação. O Estado tem apenas um equipamento em funcionamento, que atende exclusivamente pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). O aparelho está no Hosptial de Câncer Alfredo Abrão (HCAA), em Campo Grande, e começou a operar somente em julho deste ano, após a unidade ficar mais de 15 meses sem oferecer o tratamento. Atualmente, segundo o hospital, são atendidos 50 pacientes por dia. Mas o aparelho não opera com capacidade total, pois poderia atender até 80 pacientes por dia.

A situação no Estado é crítica, pois ainda não há o número mínimo de aparelhos recomendado pelo Ministério da Saúde, que é de um para cada 500 mil habitantes. Ou seja, para uma população de aproximadamente 2,5 milhões de habitantes, o Estado deveria ter pelo menos cinco equipamentos em funcionamento. Enquanto isso, a fila de pacientes que aguardam por radioterapia tem 150 pessoas, de acordo com informações do secretário de Estado de Saúde (SES), Carlos Coimbra. E a previsão é de que a espera seja controlada somente a partir de 2020, quando dois novos aparelhos devem começar a funcionar no Hospital Universitário (Humap-UFMS) e também no Hospital Regional (HRMS), ambos na Capital. De um equipamento o Estado passará a ter três, com atendimento exclusivo para pacientes do SUS.

Na Capital, há mais dois aparelhos em clínicas particulares, Radius e ITC. A Clínica Radius atende aproximadamente 120 pacientes do SUS por dia, que fazem tratamento em três turnos. Já em Dourados, a 230 quilômetros de Campo Grande, um equipamento em clínica particular também atende pacientes do SUS. Na cidade, outra clínica privada também está em processo para terminar a instalação de um acelerador até janeiro de 2019. A importação do aparelho recebeu isenção de imposto estadual no valor de R$ 750 mil, que será compensado em sessões de radioterapia.

ESPERANÇA

A justificativa para resolver a situação, o que deve ocorrer somente em mais de um ano, é a situação precária da saúde na área de alta complexidade. “Nós tínhamos defasagem, equipamentos obsoletos, antiguíssimos. No Hospital de Câncer, o equipamento tem mais de 26 anos. Quando tivermos a entrega de todos os equipamentos, o Estado será o com maior oferta deste serviço [radioterapia]”, afirmou o governador Reinaldo Azambuja nesta sexta-feira, durante lançamento da obra para construção do bunker que abrigará o equipamento no Humap.

“A demanda atual, de 150 pacientes aguardando por radioterapia, vem diminuindo mensalmente após a entrega do equipamento no Hospital de Câncer. Com os dois novos aparelhos em funcionamento, em um ano, seremos autossuficientes na oferta desta terapia importante para o tratamento de câncer”, explicou Coimbra.

Para quem espera por atendimento, a demora para iniciar a radioterapia significa menos tempo de vida. Uma paciente terminal em tratamento contra o câncer, de 56 anos e que não será identificada na reportagem, precisava fazer sessões de radioterapia há três meses. Ela só conseguiu iniciar o atendimento na semana passada e agora o câncer se espalhou.

“No ano passado, minha mãe precisou retirar o seio. Depois, fez quimio. Este ano, o médico disse que o câncer estava no cérebro e também nos rins e que ela deveria fazer a rádio. Mas não conseguimos as sessões e ela voltou para a quimio. Duas semanas atrás, ela foi à consulta e o médico disse que a situação era crítica e questionou por que não estava fazendo a radio. O câncer está também no fígado agora”, disse a filha dela.

A paciente está fazendo as dez sessões durante a madrugada na clínica Radius. “No começo, nos disseram que não teria vaga, mas depois fomos sem avisar e ela foi atendida. É um descaso o que fazem. É a esperança de vida dela. Mesmo com tudo isso, ela quer viver”.

No Humap, haverá ampliação do espaço onde será colocado o bunker. Ao todo, serão investidos aproximadamente R$ 6 milhões, metade do recurso para as obras e o restante é o valor do equipamento. O hospital atende apenas oncologia pediátrica, em média, 35 pacientes por mês.

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