Voz do MS

Cultura

Escritora abre as portas de casa para criar “recanto da poesia”

Redação

[Via Correio do Estado]

A escritora Sylvia Cesco celebrou a chegada dos 75 anos da melhor forma possível, ao lado dos amigos no “Recanto do Canto e da Poesia”. O local, que na maior parte do tempo é a sua residência, se transforma eventualmente para receber interessados em compartilhar conhecimento e produções artísticas em encontros gratuitos.

“Eu estou inaugurando a placa agora, mas minha casa sempre teve essas reuniões, apesar de ser um pouco pequena. Meus amigos brincam ‘vamos lá no recanto da Sylvia’ e eu aproveitei e aceitei o nome”, conta, aos risos, a escritora.

Com um bom humor difícil de ser encontrado pela manhã, Sylvia confessa que não gosta de dar espaço para a tristeza. Na casa que foi decorada por ela, há lugar para cursos de literatura, escrita e apresentações culturais.

“No ano passado, fizemos o La Peña Morena. O nome é inspirado no pessoal dos andes, que costumam chamar de La Peña as reuniões para a contação de causos. Nesses eventos, eu recebia o Paulo Prado, violonista, que tocava e eu cantava”, explica.

Para a segunda quinzena de junho, Sylvia abre as portas do Recanto para o curso “As diferenças entre contos e crônicas”, da também escritora Lucilene Machado. “É um diálogo, um bate-papo para auxiliar as pessoas que têm grande dificuldade de identificar o que é um conto e uma crônica. A Lucilene é uma ótima cronista e tem muito o que contribuir para o tema”, frisa.

Enquanto a oficina não começa, Sylvia convida os amigos próximos para cafés da manhã, sempre regados a muito café, bolo e pães fresquinhos.

“Ela convida um e outro e vai preenchendo os lugares da mesa. Ficamos conversando sobre literatura, arte, o que está acontecendo em Campo Grande e Mato Grosso do Sul, as descobertas que ela faz, porque a Sylvia é uma incentivadora da cultura do Estado”, confirma Claudia Finotti.

ARTISTA

Sylvia sempre foi uma artista nata. Estudou Letras por influência da amiga e professora Maria da Glória Sá Rosa, que faleceu em 2016, e ao lado dela integrou a primeira companhia de Teatro Universitário de Campo Grande. “Também fui atriz radiofônica, ganhei o título de melhor atriz sul-mato-grossense na época”, ressalta.

Ao lado do marido, Antônio Mario, Sylvia completou de vez seu lado artístico. “Ele foi meu marido, músico profissional, era da imprensa, locutor, excelente violonista. Quando os cantores vinham para cá, iam atrás dele. Nós éramos dois cúmplices de vida, ele foi o amor da minha vida”, relembra.

Sylvia casou-se com Antônio Mário em 1972, em um cerimonial simples, com vestido de margaridas e chapéu branco. Na recepção, apenas bolo e champanhe.

“Hoje é chique falar que terá bolo e champanhe, mas, na época era porque não tínhamos condições mesmo”, ri. Os dois saíram direto para a casa, em um fusca, que no meio do caminho parou por falta de gasolina. “Ficamos eu na Rua 14 de Julho com a Avenida Mato Grosso, toda de noiva e ele todo de noivo, fusquinha parado”, ri.

Antônio faleceu em 1977, 15 dias após o nascimento da terceira filha. “Eu fui morar em São José dos Campos, mas não aguentei. Fiquei um ano e meio até voltar para cá, porque Campo Grande era o meu lugar. Lembro-me que, quando eu voltei, na Barão do Rio Branco tinha umas magnólias, com flores brancas, soltavam um cheiro tão gostoso, eu pegava o carro, colocava as crianças e ia aspirando aquele cheiro de Campo Grande”, conta.

Comentários

Últimas notícias