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Meio Ambiente

Desmatamento ilegal gerou multa de R$ 2,4 milhões em Mato Grosso do Sul

Redação
Tecnologia utilizada pelo governo pega imagens feitas por satélite com nitidez e compara com anteriores para identificar alteração

O Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) já identificou, apenas este ano, o desmatamento ilegal de 2.214,31 hectares em várias regiões do Estado, o que resultou em autuações no valor de R$ 2.408.300.

Isso foi possível por intermédio de tecnologia utilizada pelo governo que compara imagens de satélite atual com de período anterior.

De acordo com o governo, a tecnologia tem sido a mais importante aliada dos fiscais do Imasul no controle e combate ao desmatamento ilegal.

As imagens são feitas por satélite e aproximam o ambiente a uma distância de meio metro, permitindo que se compare a cobertura vegetal de uma área com registros anteriores.

Quando há alteração e não há autorização ambiental para supressão vegetal, os fiscais vão ao local e o proprietário pode ser multado e ainda ter de replantar a área desmatada, caso pertença à reserva legal ou Área de Proteção Permanente (APP).

“Esse trabalho de fiscalizar e autuar é feito em convênio com a [Polícia Militar Ambiental] PMA, que está presente em todo Estado e tem uma importância fundamental como aliada no combate aos crimes ambientais”, disse o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck. O Imasul é vinculado à pasta.

O marco zero da cobertura vegetal do Estado é 2017, quando foi adquirido o banco de imagens com alta resolução.

Antes, já se utilizavam fotos de satélite para fazer o comparativo das áreas com os mapas apresentados pelo proprietário nos processos de licenciamento ou quando chegavam denúncias de desmatamento. Porém, a resolução era baixa a 30 metros.

Trabalho manual

“No Pantanal isso era complicado, porque não é fácil diferenciar a vegetação nativa com a exótica quando a aproximação da imagem é de 30 metros”, explica o diretor de Licenciamento Ambiental do Imasul, Luiz Mário Ferreira.

As imagens de alta resolução resolvem o problema. Elas servem de base para comparar com imagens capturadas dos satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que são renovadas a cada mês.

Havendo diferença na cobertura vegetal, os fiscais vão até a propriedade para fazer a verificação in loco.

Isso também acontece em processos de licenciamento para supressão vegetal. Esse trabalho antes era feito de forma manual, com fitas métricas percorrendo extensas áreas a cavalo ou a pé.

Além da maior eficiência, redução de custo e possibilidade de ampliar a atuação, a tecnologia age como aliada do meio ambiente ao garantir ao investidor que o licenciamento ambiental não será um óbice ao seu empreendimento.

Um processo que poderia demorar de seis a oito meses poderá ser feito em no máximo 45 dias quando todo o sistema do Imasul Digital estiver integrado e em atividade, afirma Luiz Mário.

“Com isso o cidadão verifica que é melhor seguir o caminho da legalidade, fazer os procedimentos certos e obter a licença ambiental do que agir sem autorização e ficar passível de multa”, observa.

Outra solução tecnológica também usada é o drone, que, conforme o Imasul, aumentou em muito a precisão e reduziu o tempo da análise. O que podia demorar até três dias agora é feito em meio dia, afirma Luiz Mário.

Equipamentos

Imagens são arquivos pesados e precisam de computadores potentes e softwares apropriados para manuseá-las.

O Imasul precisou, portanto, investir em equipamentos, treinamento e sistemas informatizados para se adequar ao novo momento, um processo que ainda tem continuidade, já que a meta é tornar digitais todos os procedimentos do órgão ambiental.

Como esses equipamentos têm um custo elevado, a solução encontrada foi permitir que o próprio infrator financie o aparato de fiscalização.

“Criamos ano passado o Programa Estadual de Conversão de Multas Ambientais (Pecoma), em que o cidadão que cometer alguma infração passível de multa pode aderir ao programa e com isso tem desconto de até 60% no valor. O recurso é utilizado para custear projetos existentes no Imasul de fiscalização e controle ambiental”, detalha Jaime Verruck.

Atualmente, duas iniciativas importantes para o meio ambiente recebem recursos do Pecoma: o Imasul Digital e o Programa de Monitoramento das Águas Superficiais.

Recentemente, R$ 100 mil advindos da conversão de multas ambientais possibilitaram a compra de notebooks, processadores de alta potência e um servidor, unidades de processamento e armazenamento e até softwares para o programa Imasul Digital.

“Essa multa tramitava desde 2010 no Imasul e passou pelas instâncias recursais. No início deste ano, nós informamos os autuados sobre a possibilidade da conversão de multa e em cerca de dois meses todo o processo foi instruído e concluído. Essa é a primeira conversão de multas realizada com sucesso”, cita o diretor-presidente do Imasul, André Borges.

Se o desmatamento aconteceu em área de preservação permanente ou área destinada à reserva legal, o proprietário também tem de replantar o que foi desmatado.

Trâmites

Após emitida a multa, havendo discordância por parte do proprietário sobre a penalidade, pode-se recorrer à Câmara Recursal.

Mantida a decisão, o infrator tem de pagar a multa e proceder às medidas impostas.

Se decidir pagar a multa, há dois caminhos: quitar à vista com desconto de 25% ou fazer adesão ao Pecoma e obter abatimento de até 60% no valor.

Via Correio do Estado

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