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Comportamento

Da infância, bordado virou amor após a maternidade

Redação

[Via Correio do Estado]

A mistura de técnicas não impedem que o bordado livre de Juliana seja pura poesia. Nascida em Cuiabá, mas campo-grandense de coração desde pequenininha, a fisioterapeuta, professora de pilates e fotógrafa, descobriu nos traços de linha o significado de vocação. “Eu descobri faz pouco tempo que tenho talento, durante uma oficina. A professora brincou que eu sou bordadeira e não sabia”, ri Juliana Garcia, 34 anos.

Fisioterapeuta de formação e professora de pilates por quase uma década, Juliana descobriu após o nascimento do filho, Gael, que desejava de viver novas experiências. “Eu engravidei e decidi parar de trabalhar com a fisioterapia, que apesar de eu gostar, não me identificava muito, não sentia tanto prazer em fazer. Comecei a fazer outros cursos, como o fotografia e inclusive fotografei durante um tempo”, ressalta.

Com uma mudança profissional do marido de Campo Grande para Dourados, no interior de Mato Grosso do Sul, Juliana descobriu que a fotografia talvez não fosse ser tão rentável na cidade. “Eu não conheci ninguém aqui. Como eu sou dona de casa e mãe em tempo integral decidi continuar a busca por novas experiências. Fiz um tempo cosméticos naturais, até pensei em fazer disso uma profissão, mas aqui eu tenho dificuldade em encontrar produtos específicos. Faço só para mim agora”, explica. A oficina de bordados de apenas 4 horas surgiu há seis meses e foi um amor verdadeiro à primeira vista. “Eu faço com muito prazer e às vezes nem vejo como profissão, parece um passatempo”, ri.

No bordado livre, os pontos são variados e  por isso cada peça parece única. “Tem o ponto aste, atrás, nó francês, uma infinidade de técnicas”, indica.

Muitas dicas Juliana descobriu na internet, após a oficina. Em pouco tempo, as vendas começaram e a tornaram uma verdadeira bordadeira. “Não sou ilustradora, mas eu tento deixar os desenhos únicos, a partir de referências que encontro. Alguns desenhos encomendei de uma ilustradora que tatua aqui em Dourados, a Bi Miura, ela fez as tatuagens nas crianças. Foi uma parceria com ela”, pontua.

A necessidade de se manter concentrada ao trabalho encantou Juliana. “Eu preciso ter paciência, estar atenta e ser perfeccionista. Isso me traz paz e tranquilidade”, descreve. Gael, agora com cinco anos, é um dos grandes incentivadores do trabalho da mãe. “Meu filho é o que acha mais lindo, ele ama. Na festinha de aniversário dele eu fiz um bordado grande para a decoração e ele adorou”, conta Juliana.

DE AVÓ PARA FILHA

Quando reflete sobre sua história com os trabalhos manuais,  Juliana relembra de quando deu seu primeiro “ponto cruz”. “Quando eu era criança eu amava, mas acho que ninguém deu muita bola. Aprendi o ponto cruz com a minha avó e acho que por gostar de coisas que precisam de atenção, acabei adorando. Lembro que em ponto cruz precisa ficar contando os pontos”, explica.

A lembrança carinhosa do momento em família permanece na memória de Juliana com carinho. “Minha avó Yone tem alzheimer e ela não me reconhece mais. É muito especial eu ter aprendido com ela”, diz.

Para Juliana, naquela época o importante era focar nos estudos e essas habilidades não foram tão incentivadas pela família. “Acho muito legal essa volta do trabalho manual, do crochê e do bordado. Eu sempre compro roupas de quem eu sei que faz, por exemplo”, indica.

Os  bordados de Juliana normalmente são vendidos em bastidores e transformados em quadrinhos, porta-alianças, porta- maternidade. “Os preços variam de R$ 50,00 a R$ 350 mais ou menos”, indica. Mais sobre o trabalho no Instagram @jugarcia.bordadolivre.

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