Considerada o cartão-postal de Bonito, Gruta do Lago Azul atrai turistas do mundo inteiro
Atrativo localizado no interior de MS reabriu, mas com capacidade reduzida de visitantes
Fechada há um ano, por conta da pandemia do coronavírus e de embaraços judiciais quanto à legalidade de sua exploração comercial pelo município, a Gruta do Lago Azul, em Bonito, está aberta à visitação pública. Ainda que seja em número restrito de pessoas – apenas 25% da sua capacidade, ou 72 visitantes por dia –, para evitar aglomeração, a reabertura do principal atrativo do destino tem alta procura e vai aquecer a cadeia do turismo.
Considerada o cartão-postal da cidade, a cavidade atrai brasileiros e estrangeiros em busca de seus mistérios milenares e a cor turquesa do seu lago. A incidência solar refletida da entrada circular de 40 metros de diâmetro, com mais intensidade nos meses de setembro a fevereiro, revela a transparência e a coloração de um azul intenso de suas águas – motivo do nome da gruta. Antes da pandemia, mais de 70 mil pessoas visitavam o lugar encantado anualmente.
O atrativo está localizado a 21 km de Bonito, com acesso pela MS-382, agora asfaltada. O passeio por dentro de uma das maiores cavidades do planeta, em caminho lapidado em rocha e formações geológicas (espeleotemas), tem acompanhamento de guia e dura cerca de 45 minutos. É proibido mergulhar no lago, que teria mais de 80 metros de profundidade. A descida em total segurança é feita em uma escadaria íngreme de 300 degraus.
Pesquisadores descobriram no fundo do lago inúmeros fósseis de animais extintos, como a preguiça gigante, tigre dente-de-sabre, mastodontes e outras espécies. Paleontólogos ainda buscam respostas na gruta. Existe também um projeto paralelo, que estuda um crustáceo pré-histórico que vive em suas águas, tão antigo quanto os próprios dinossauros: trata-se de um camarão de água doce denominado Potiicoara Brasiliensis, catalogado em 2002.
Reserve seu ingresso
Atualmente, a visitação é limitada a oito grupos por dia, com nove pessoas cada – das 7h à 14h –, enquanto antes da pandemia o local recebia até 305 visitantes diariamente. O acesso à gruta é feito após um rigoroso processo de descontaminação, obedecendo aos protocolos de biossegurança. Os turistas passam por aferição de temperatura e higiene das mãos com álcool em gel, acessível em todos os ambientes do receptivo e nos lavabos.
As restrições devem causar uma corrida por ingressos (voucher), adquiridos exclusivamente nas agências de turismo. Se realmente quiser incluir essa atividade na sua programação, reserve o quanto antes. Nos primeiros dias após a reabertura, as vagas se preencheram rapidamente, atraindo em sua maioria jovens. Mas o acesso é permitido aos idosos desde que não tenham a mobilidade muito reduzida, exceto gestantes e crianças de até cinco anos.
Fique atento ao novo tarifário: R$ 90,00 em baixa temporada e R$ 130 em alta. A alta temporada compreende: abril, de 2 a 4 (Semana Santa); julho, de 9 a 31 (férias escolares); setembro, de 4 a 7 (feriado da Independência); outubro, de 9 a 12 (feriado criação do Estado de MS e Nossa Senhora Aparecida); outubro/novembro, de 30/10 a 2/11 (Finados); novembro, de 13 a 15 (feriado Proclamação da República): e dezembro, de 20 a 31 (Natal e fim de ano).
Município agora tem a concessão de uso do atrativo
O monumento natural, que integra o circuito de passeios de Bonito, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1978 e sua exploração pelo município passou a ser questionada nos últimos anos pelo Ministério Público (MP) quanto à sua legalidade e transparência na partilha da renda obtida por meio da visitação com a União e o Estado. Acordo feito este ano encerrou os impasses burocráticos e finalmente o município obteve a cessão de uso.
As cavidades naturais subterrâneas, assim como os sítios arqueológicos e pré-históricos, com base na Constituição Federal, são bens da União. A gruta está localizada em uma unidade de conservação, portanto, é de responsabilidade do Instituto de Meio Ambiente de MS (Imasul). Em 2019, o Imasul rescindiu de forma unilateral a cooperação técnica com o município, atendendo ao MP, que investigava a prestação de contas do fundo arrecadado com o passeio.
A cessão onerosa para exploração comercial do atrativo foi dada pela Superintendência do Patrimônio da União (SPU) ao município por 20 anos. Na semana passada, o Imasul retomou o acordo de cooperação, autorizando o uso da trilha de acesso à gruta e fixando uma taxa a ser recolhida ao órgão, no valor de R$ 10,00 por visitante – recurso este a ser revertido para a unidade de conservação localizada no entorno da gruta.
“Agora temos segurança jurídica para melhorar e implementar o atrativo, ajudando a fomentar o nosso turismo”, comemora Juliane Salvadori, secretária municipal de Turismo, Indústria e Comércio. Para Jaime Verruck, secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, o plano de manejo criado pelo Estado foi fundamental para ordenar e disciplinar a reabertura da Gruta do Lago Azul.
“Avançamos muito com a regulamentação e a exploração da gruta pelo município, um atrativo que se tornou uma referência, todos que vão a Bonito querem conhecer suas belezas”, destaca Verruck, citando o asfaltamento do acesso (rodovia MS-382) à gruta, já entregue pelo governador Reinaldo Azambuja como uma obra vital para o desenvolvimento do turismo. “O acesso com boas estradas e as adequações no aeroporto criam cenários favoráveis”, disse.
Via Correio do Estado