Voz do MS

Cultura

Com retorno de eventos em Campo Grande, setor cultural da Capital ensaia retomada gradual das atividades

Redação
Com o avanço da vacinação, a expectativa é grande para voltar eventos com público

O avanço da vacinação contra a Covid-19 em Campo Grande tem dado novas esperanças para o setor cultural da Capital.

De acordo com a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Sectur), a cidade já planeja o retorno dos eventos.

A classe dos artistas foi bastante afetada pelas restrições de biossegurança.

Como as ações culturais presenciais não eram permitidas, a maior fonte de renda dos profissionais foi interrompida sem data marcada para retornos.

O artista circense Frank Augusto Salomão Ribeiro, 33 anos, trabalha com intervenções e performances nas ruas de Campo Grande e também em festas e eventos.

Ele explica que tinha muitos trabalhos marcados para o mês de março do ano passado, mas foram todos cancelados com o início da pandemia da Covid-19.

“O meu trabalho necessita do encontro físico, da presença das pessoas e da interação com elas e, de repente, isso não era mais uma coisa possível de ser feita, era um risco”, disse.

“Então, em um primeiro momento, foi necessário fazer uma reflexão e uma readequação no modo de viver, simplificar a vida e não gastar com nada que não fosse o essencial para sobreviver”.

Segundo Ribeiro, com o avanço da vacinação, os eventos e as propostas de trabalho têm aumentado gradativamente.

“Desejo que em breve superemos totalmente a pandemia e possamos interagir livremente com o público, com os amigos, que todos possam se abraçar livremente, mas ainda é importante que sejam seguidos os protocolos de segurança”, completou.

O artista ressalta que o período de isolamento social reforçou a importância da arte e da cultura na sociedade, quando as pessoas recorreram ao consumo de cultura por meio de filmes, de séries e de apresentações musicais on-line.

“A nossa cidade tem ótimos artistas, que realizam trabalhos de ótima qualidade, mantêm espaços culturais e assim formam a identidade cultural da Capital”, apontou.

Assim como o comércio, o setor cultural também precisou se readaptar. O artista passou a se apresentar em eventos por meio da internet.

“O audiovisual se revelou a grande solução para os artistas continuarem trabalhando e chegando até o público, eu pessoalmente tive de buscar algumas oficinas para me adaptar a essa linguagem, que, até então, nunca tinha trabalhado. Também tive acesso ao auxílio emergencial federal e aos recursos da Lei Aldir Blanc”, ressaltou

O governo federal implementou a Lei Aldir Blanc, nº 14.017, em 29 de junho de 2020.

Para todas as unidades federativas foram destinados R$ 3 bilhões, que deveriam ser usados para manutenção de espaços culturais e para pagamento de três parcelas de uma renda emergencial a trabalhadores do setor.

Do repasse recebido no ano passado, a Capital destinou R$ 5.579.971,74 aos artistas, mas nem todo esse recurso foi utilizado por falta de inscrições nos editais lançados pela Sectur.

A verba remanescente, quase R$ 1,6 milhão, foi destinada ao setor este ano. Esses recursos chegaram a 69 espaços culturais e a 132 projetos na Capital.

O artista Jorge Luis Rodrigues gerencia o circo Hermanos Rodrigues, que é de sua família. Há sete gerações, os pais ensinam a seus filhos a arte circense e a trupe leva alegria para todo o Mato Grosso do Sul.

Mesmo com todos os anos de experiência, a equipe de cerca de 30 pessoas foi pega de surpresa pelas restrições de biossegurança dos municípios.

“Foi um trauma psicológico, os primeiros três meses foram os piores da minha vida, sem rumo, sem uma luz no fim do túnel. Estamos nos mantendo vendendo bolo, pipoca, maçã do amor, algodão-doce, fazendo serviços braçais nas obras de construção civil, outros estão de motoristas de caminhão, estamos nos virando”, relatou.

Com a ajuda de instituições culturais de Campo Grande, Rodrigues conseguiu acessar o auxílio garantido pela Lei Aldir Blanc, assim como Ribeiro.

“Uma verba significativa, usamos para manter a estrutura, que estraga mais quando está parada do que andando, temos que estar reformando, lixando, pintando, fazendo manutenção nos caminhões”, explicou.

Com o avanço da vacinação, a expectativa é grande para voltar a montar os espetáculos.

“A cultura circense é uma das mais antigas do mundo e é um espetáculo que mantém a inocência da criança e da família. A esperança é a última que morre, estamos trabalhando aqui para que não falte nada e até o momento não faltou, tudo está nas mãos de Deus”, completou Rodrigues.

Comentários

Últimas notícias