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Saúde

Campo Grande é a 2ª capital do Centro-Oeste em índice de fumantes

Redação

[Via Correio do Estado]

Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, é segunda cidade da região centro-oeste com o maior índice de fumantes, de acordo com dados do Ministério da Saúde. A porcentagem de pessoas em Campo Grande que afirmaram consumir 20 cigarros ou mais por dia é de 2,4%. Pouco mais de 10% da população brasileira fuma, o que equivale a pelo menos 20 milhões de fumantes.

Realizada desde 2006 pelo Ministério da Saúde, o relatório Vigitel monitora a frequência de alguns hábitos que culminam no desenvolvimento de doenças crônicas, dentre eles, o hábito de fumar. Na amostra da pesquisa, Campo Grande é 2ª capital com maior índice de fumantes com aproximadamente 11%, e é a 6ª capital no ranking do País. Na região centro-oeste, a capital com o maior percentual de fumantes é o Distrito Federal (11,7%) e no Brasil, Curitiba lidera o índice com média de 15,6%.

Dados do relatório The Tobacco Atlas (Atlas do tabaco), mostram que o brasileiro fuma, no mínimo, 333 cigarros ao ano. Com base nos dados do relatório, é possível afirmar que o Brasil está em 11º no ranking de consumo da América Latina.

Os argentinos lideram no consumo per capita de cigarro, ao menos 1.176 unidades ao ano, ou pelo menos 59 maços de cigarro. Em seguida no ranking está Uruguai, (899 cigarros per capita, ou 45 maços), Chile (769 unidades, ou 39 maços), e Honduras (470 cigarros, ou 24 maços).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que, em média, um fumante reduz em 15 anos sua expectativa de vida, além disso, pelo menos 50% morre por alguma doença relacionada ao uso contínuo do tabaco.

De acordo com a médica pneumologista, Andrea Cunha, o tabagismo hoje causa mais de 50 doenças envolvendo as áreas cardíacas e respiratórias causando diversas doenças cancerígenas. Ainda segundo a especialista, é de extrema importância tratar a dependência, porque além de gerar várias doenças, afeta também as pessoas que inalam a fumaça, consideradas como fumantes passivas. Para médica, os fumantes passivos têm as mesmas chances dos fumantes em adquirir doenças.

À reportagem, a Dra. Andrea explicou que o tratamento é feito através de três ferramentas: a aplicação de medicações que vão agir no sistema nervoso central, espécies de adesivos que tiram gradativamente a nicotina do organismo e a terapia cognitivo comportamental que ajuda o paciente a treinar pensamentos e hábitos para ficar livre do vício. “A grande maioria precisa das três ferramentas para ter sucesso no tratamento, mas para dar início, a pessoa precisa estar disposta, porque o primeiro passo sempre é a decisão”, disse.

O professor Ascanio Bottini, 58 anos, foi fumante assíduo há 46 anos e chegou a gastar R$ 500 por dia. Ele parou de fumar há cerca de 182 dias. “Quem me conhece sabe que eu fumava muito e há muito tempo, coisa de dois maços e meio por dia. O cigarro me fazia muito mal, mas também me fazia muito bem”, relatou.

Ao Correio do Estado, Bottini explicou como conseguiu parar de fumar sozinho. “Pensei: vou parar. E parei, mas parei apenas por aquele dia. Apenas por um dia. E, no dia seguinte, quando a vontade batia forte, eu falava: vou segurar por hoje, amanhã eu volto. E assim, ao longo de 182 dias, eu estou segurando”, disse.

Bottini diz que nesse meio tempo já está vivenciando os benefícios de uma vida saudável e as dificuldades de deixar a dependência. “Engordei oito quilos, mas fiquei durante um tempo bem mais nervoso”, explicou.

Mesmo com a luta diária para largar de uma vez por todas o cigarro, o segredo do professor é vencer um dia de cada vez. “Eu continuo sentindo, a cada cafezinho, a cada ida ao banheiro, a cada gole de cerveja, a cada partida no carro, a cada tragada que vejo alguém dar, a cada instante, a cada qualquer coisa, uma vontade imensa de fumar. Aí penso em sair para comprar, mas seguro a onda e resisto, pois, afinal, estou tranquilo, porque amanhã já volto a fumar”, finalizou.

TRATAMENTO

A Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande, disponibiliza o tratamento gratuito para pessoas que desejam deixar o uso do tabagismo. O dependente pode procurar a unidade básica de saúde mais próxima da residência ou ir até um dos Grupos de Tabagismo. Inicialmente, o paciente passa por uma avaliação para considerar se ele é um fumante leve, moderado ou pesado.

Após a avaliação, o tratamento consiste com consultas individuais ou sessões de grupo de apoio, nas quais o paciente fumante entende o papel do cigarro na sua vida, recebe orientações de como deixar de fumar, como resistir à vontade de fumar, e principalmente, como viver sem cigarro.

O tratamento consiste em sessões entre 10 a 15 participantes, com a duração média entre 60 e 90 minutos, coordenados por uma equipe de profissionais de saúde com duração de doze meses. No primeiro mês são realizadas 4 sessões estruturadas, sendo 1 por semana; no segundo mês são realizadas 2 sessões quinzenais; e do terceiro ao décimo segundo mês são realizadas sessões mensais, - chamadas de sessão de manutenção - para prevenção de recaída.

As 4 sessões iniciais são consideradas “sessões estruturadas” e cada paciente receberá o Manual do Participante “Deixando de Fumar sem Mistérios” onde ele poderá entender por que se fuma e como isso afeta a saúde, os primeiros dias sem fumar, como vencer os obstáculos para permanecer sem fumar e os benefícios obtidos após parar de fumar.

Atualmente, existem 23 locais habilitados entre unidades de saúde, hospitais e o Centro Especializado Municipal.

Segundo os indicadores de atendimento do 1º quadrimestre de 2018, dos participantes inscritos no programa, 55% tiveram adesão ao tratamento, 21% já se apresentaram abstinentes na 4ª sessão e 56% dos que iniciaram o programa utilizou algum tipo de medicamento. Em geral o público atendido faz parte do sexo feminino (65%) e a faixa etária prevalente (70%) está entre 18 e 60 anos de idade.

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