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Azambuja deixa PF e secretário negocia reclusão de presos em operação

Redação

[Via Correio do Estado]

Após permanecer dentro da sede da Polícia Federal em Campo Grande, na região norte, por cerca de quatro horas, o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), deixou o local no mesmo carro preto em que chegou, também por uma porta lateral do prédio, sem contato com os jornalistas. O Correio do Estado apurou que o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Carlos Videira, segue na superintendência negociando como será feita o processo de detenção dos dez acusados detidos temporariamente, entre eles Rodrigo de Souza e Silva, filho do mandatário estadual.

A reportagem apurou que dois dos detidos foram levados para o 3º DP (Carandá Bosque), na região leste. O Presídio Militar, no Jardim Noroeste, e a carceragem da Delegacia Especializada na Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras), no Tiradentes, ambos também na região leste, estariam sendo preparados para receber alguns dos detidos.

Videira também estaria organizando a não ida dos presos ao Centro de Triagem, também na região leste, como usualmente acontece nesses casos. De acordo com fontes ligadas à Agência Estadual de Administração Penitenciária (Agepen), os peritos do Instituto Médico e Odontológico Legal (Imol) deixaram a sede da autarquia na região sul para realizar o exame de corpo de delito dos detidos nas próprias delegacias.

Azambuja questionou por meio de nota a operação policial ter sido realizada próxima às eleições. O governador manteve seus compromissos de campanha para esta quinta-feira (12), incluindo uma entrevista às 8h a um portal de internet na Capital.

Pelo menos dez dos 14 mandados de prisão expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) foram cumpridos até a publicação desta reportagem pela Polícia Federal como decorrência da Operação Vostok, desencandeada na manhã desta quarta-feira (12).

Segundo a PF, foram cumpridos os mandados de prisão temporária por cinco dias de Rodrigo Souza e Silva, filho do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que se apresentou por conta própria junto do pai à tarde.

Durante a manhã, foram detidos o deputado estadual Zé Teixeira (DEM), Márcio Monteiro, conselheiro do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul e ex-secretário de Estado da Fazenda, e Osvane Aparecido Ramos, ex-deputado estadual e ex-prefeito de Dois Irmãos do Buriti.

Além deles, também foram presos o empresário João Roberto Baird, Antônio Celso Cortez, dono de uma empresa de tecnologia prestadora de serviços do Estado, e os pecuaristas Ivanildo da Cunha Miranda e Rubens Massahiro Matsuda.

Segundo o despacho do ministro do STJ, Félix Fischer, continuam em aberto os mandados de Nelson Cintra Ribeiro, ex-prefeito de Porto Murtinho, José Ricardo Guitti Guimaro, corretor de gado, e dos pecuaristas Zelito Ribeiro e Élvio Rodrigues.

Operação Vostok

As investigações tiveram início neste ano, e tiveram como ponto de partida delação de empresários do grupo JBS. A ação envolve 220 policiais federais que cumprem 220 mandados de busca e apreensão, 14 de mandados de prisão temporária em Campo Grande, Aquidauana, Dourados, Maracaju, Guia Lopes da Laguna e na cidade de Trairão (PA). Os mandados foram expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O inquérito da PF apontou que até 30% dos créditos tributários (incentivos fiscais ao grupo JBS) eram revertidos em proveito do grupo, que os policiais federais chamam de “organização criminosa”. A Operação da Polícia Federal foi denominada “Vostok”, o mesmo de uma estação de pesquisa da Rússia na Antártida e, segundo a PF, tão fria quanto as notas utilizadas para lavar a propina da JBS.

As propinas foram pagas por meio de doação eleitoral para a campanha de 2015, e também em espécie, nas cidades de São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ), em 2015.

- Rodrigo de Souza e Silva (filho de Reinaldo Azambuja, governador de MS)
- Ivanildo da Cunha Miranda
- João Roberto Baird
- José Ricardo Guitti Guimaro (o Polaco)
- Antonio Celso Cortez
- Elvio Rodrigues
- Francisco Carlos Freire de Oliveira
- José Roberto Teixeira (deputado Zé Teixeira)
- Marcio Campos Monteiro (conselheiro do Tribunal de Contas de MS)
- Miltro Rodrigues Pereira
- Nelson Cintra Ribeiro (ex-prefeito de Porto Murtinho)
- Osvane Aparecido Ramos
- Rubens Massahiro Matsuda
- Zelito Alves Ribeiro

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